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Cães e gatos ainda têm suas peles arrancadas por indústria cruel, na China

28 de agosto de 2010
8 min. de leitura
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Por Danielle Bohnen (da Redação)

Protetores de animais de todo o mundo apelam à população para que não comprem produtos resultantes da crueldade contra animais da China, que ainda ocorre em larga escala e são exportados para diversos países.

Em um único leilão da Alemanha, havia disponíveis 10 mil peças de peles de cachorro. Além disso, um carregamento de uma companhia chinesa que ia em direção à República Tcheca informou à polícia que continha 5.329 quilos de pele de gato. Ou seja, estima-se que 40 a 55 mil animais tenham sido mortos. Uma embarcacão foi detida, que ia da China à Itália, por falta de autorização, que continha 4,7 toneladas de pele de cachorro. A companhia chinesa revelou aos investigadores que possuíam 50 mil peles de gatos e 50 mil de cachorro.

Foto: PrensAnimalista/ Divulgação

A empresa chinesa que comercializa “subprodutos de animais” vende uma peça com 6 a 8 unidades de pele de gato cinza ou tabby por 21 dólares. A pele do felino custa 2,60 dólares cada uma e a do cachorro cinza ou amarelo custa 8,50 dólares cada.

A China tornou-se a maior exportadora do mundo de roupas de pele em poucos anos. Muitos dos comerciantes internacionais de pele, fabricantes e designers de moda mudaram seu negócio para território chinês, onde podem explorar a mão de obra barata somada à ausência de leis que protejam os animais.

A China não tem nenhum tipo de lei que impeça o confinamento e a matança dos guaxinins, lobos, coelhos e até cães e gatos, cujas peles são usadas por uma indústria oportunista e cruel. Enquanto as condições das fazendas de peles no Ocidente são alvos das críticas de grupos de direito dos animais, as fazendas de pele da China e métodos de sacrifício que são muito mais espantosos e brutais continuam funcionando a todo vapor.

A indústria de peles chinesa se desenvolveu através de numerosas fazendas de pele durante os últimos 15 anos. O número de propriedades é tão grande que chega à margem dos 10 mil.

As fazendas de peles tendem a se concentrar no noroeste do país asiático. As que se encontram na província de Shandong têm um número maior de animais, seguida pela província de Heilongjiang e da província de Jilin. A província de Hebei atua como o centro de comercialização das peles. No mercado Shangcun localizado nesta província, 35 milhões de peles são negociadas por ano, isso implica mais de 60% do comércio de peles de toda a China, segundo o informe PAS.

Foi no mercado Shangcun que um vídeo de 14 minutos com imagens fortes foi filmado escondido em fevereiro de 2005 pelo PAS, mostrando como as peles são retiradas dos cães, guaxinins, lobos, entre outros animais que ainda estavam vivos e lutando por suas vidas.

Para assistir ao vídeo, clique aqui.

Um informe de investigação do Beijing News observou as condições no mercado Shangcun dois meses depois de o vídeo ser publicado na internet. Um porta-voz do departamento de propaganda do Comitê do Partido Comunista do condado foi citado dizendo que a forma brutal de arrancar a pele de animais vivos ocorreu há sete ou oito anos, mas que não acontecia mais. Entretanto, o jornalista do Beijing News confirmou que a crueldade contra esses animais ainda acontece neste mercado de peles da China, mesmo depois da divulgação do fato.

Crueldade extrema

Foto: PrensAnimalista/ Divulgação

Os animais são imobilizados e levam golpes sucessivos na cabeça  para ficarem tontos ou são golpeados no chão. Os animais são feridos e podem ter convulsões, tremer ou tentar arrastar-se para longe lentamente, segundo o informe do PAS – o que é mostrado também no vídeo. A retirada da pele pode começar enquanto o animal ainda está consciente ou recobrando a consciência.“Desesperados e retorcendo-se de agonia, os animais conscientes, durante estes procedimentos, sem esperanças, tentam defender-se até o ponto quando toda a pele já foi forçadamente retirada. Respiração e batimentos cardíacos, além de movimentos da pálpebra, eram evidentes durante 5 a 10 minutos”, descreve o informe do vídeo e fotos do PAS.

A Federação Internacional de Comércio de Peles (FICP), da qual a China é membro, deplorou o informe do PAS, sustentando que foram feitas generalizações dramáticas sobre as condições de toda a China. “É incorreto retratar todas as fazendas de peles na China como a mesma coisa. Algumas fazendas de peles são dirigidas com padrões internacionais”, segundo o FICP. “As condições melhorarão para o bem-estar do animal na China, quando os agricultores de pele compreendam que a qualidade das peles melhora empregando os padrões internacionais de bem-estar animal e que, por meio da educação, a situação será corrigida por si própria”, esta é a ideia essencial da resposta do FICP.

Sofrimento em prol da moda

Foto: PrensAnimalista/ Divulgação

As roupas de pele são mais comumente vendidas nos Estados Unidos, Europa e Japão como tapeçaria, casacos, luvas, carteiras, brinquedos, móveis entre outros objetos. Misturando pele com seda, lã e couro, e empregando novos processos industriais, como tricô, novos pontos, novas cores, a pele alcançou uma novidade com caráter de versatilidade, segundo o informe do Care for the Wild International (CWI).“Em geral, a pele foi mostrada em maior número do que em anos anteriores, vinda com todas as cores, formas e tamanhos”, comentou um informe da CNN sobre a popularidade da pele sobre as passarelas durante a Semana da Moda de Nova York, em fevereiro de 2005. Entretanto, os consumidores podem não notar o grande aumento do uso de peles na moda hoje, porque a pele em tapeçaria é muito menos visível do que os caros casacos de pele de corpo inteiro que eram usados no passado, além do mais, a maioria das pessoas sentiriam-se muito mais envergonhadas en usá-los hoje em dia.

As vendas de pele nos EUA em 2003 era de 1,8 milhão de dólares, segundo o Conselho de Informação de Pele da América, citada pela CWI. “A China tornou-se o principal exportador de roupas de pele aos EUA, o que implica um total de 40% das importações dos Estados Unidos, em 2004, equivalendo a 7,9 milhões de dólares”, segundo o informe do PAS. Porém, as estatísticas de importação são difíceis de se obter extamente porque a tapeçaria de pele não é declarada na aduana, informa o PAS.

Protestos organizados pelo mundo todo

A Sociedade Antipele de Washington D. C., membro da Coligação Antipele Internacional, não aprova as jaulas apertadas que não deixam quase nenhum espaço para que o animal possa mover-se. Nesses lugares apertados, os animais mostram sinais de estresse, ansiedade extrema e comportamentos patológicos, segundo informe da CWI. A Sociedade Antipele de Washington se opõe, principalmente, aos métodos de sacrifício, incluindo a retirada da pele dos animais vivos, “que acontece na indústria de peles da China, o mais bárbaro do mundo”, disse a organização em comunicado à imprensa. Seus afiliados veem tal prática como inaceitável e extremamente cruel.

O grupo se horroriza também pelo uso frequente de peles de cães e gatos domésticos. Alegam que, ainda que esteja contra a lei americana, há uma brecha na lei aduaneira e etiquetas que permitem o seu uso nos EUA. Os artigos de pele com preços inferiores a 150 dólares não são comprovados pela alfândega, para o etiquetamento correto sobre a entrada. O grupo sustenta que os clientes compram peças feitas com peles de cães e gatos sem saber. A organização afirma que até as fábrica Burlington, Macy, JC Penny, Nordsom, Staks e Barneys vendem a pele de cão como se fosse de outras espécies ou com etiqueta de pele de lobo, a faux fur.

A CWI relatou que, em 20 de novembro de 2006, a U.E. proibiu importações de peles de cães e gatos e declarou ainda que 5.500 cães e gatos são assassinados por dia na China. “Os provedores chineses nos ofereceram até mesmo acolchoados inteiros feitos de dezenas e dezenas de peles de gato, de todas as cores e modelos de gato tigrado, vermelho, branco e negro, ou gato tigrado branco”, afirmou a doutora Barbara Maas, presidente executiva da CWI.

Para protestar pelas práticas cruéis e desumanas da China contra animais da indústria de peles, membros da Sociedade Antipele de Washington levaram um cofre simbólico pela Ponte Taft, seguido de um funeral para as vítimas animais do comércio de pele chinês, em frente à Embaixada chinesa. Esta demonstração foi uma das muitas que ocorreram no mesmo dia em mais de 35 cidades do mundo.

O documentário espantoso sobre os métodos de sacrifício no mercado Shangcun é sempre mencionado pelos manifestantes como prova indiscutível da barbárie da indústria de peles da China.

Na Suíça e em outros países europeus, a comercialização de peles foi proibida devido às considerações sobre o tratamento dos humanos contra aos animais. “Em sua vida e morte horríveis, a estes animais foram negados os atos mais simples de bondade e respeito”, traz o informe do PAS.

Com informações de PrensAnimalista

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