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Um animal silvestre ferido é resgatado todos os dias em Ribeirão Preto (SP)

15 de agosto de 2010
3 min. de leitura
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Pata do tucano deformou-se e bico foi quebrado com pedras (Foto: Weber Sian / A Cidade)


Pelo menos um animal silvestre ferido é encaminhado todos os dias para receber atendimento médico em Ribeirão Preto (SP). As causas são acidentes em rodovias, maus-tratos ou o tráfico. Nos três casos, a maior taxa de mortalidade é registrada nos atropelamentos: 90% dos animais não sobrevivem devido à gravidade dos ferimentos.

Os animais são encaminhados ao Bosque Fábio Barreto pela Polícia Ambiental, pelo Corpo de Bombeiros e pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Para se ter uma ideia da demanda, só no primeiro semestre deste ano os bombeiros resgataram 363 animais, entre domésticos e silvestres.


Macaquinho socorrido pelo ambulatório do Bosque teve a pata amputada e não resistiu (Foto: Weber Sian / A Cidade)


Cerol amputa
Papagaios, maritacas e canários são as principais vítimas do tráfico. Já corujas e falcões são atacados por pedradas, armas de chumbinho ou se enroscam em fios de cerol. “As maritacas têm usado cerol e fios de telefone para construir ninhos. Quando os filhotes nascem, acabam tendo as patas amputadas”, diz a bióloga Marisa.

A maioria das aves permanece durante longos períodos no ambulatório do Bosque até que possa retomar o voo. Atualmente, estão internados um gavião-carijó e uma coruja-buraqueira que tiveram asas quebradas por pedrada.

O drama do tucano
Em uma gaiola vizinha aos dois, um tucano praticamente reaprende a comer com o bico lascado por uma pedra. “Ele quebrou o bico e uma perna. Hoje ele está conseguindo comer, mas dificilmente será solto porque quebrou a pata e ela cicatrizou torta”, diz Marisa.

Antes de serem soltos na natureza ou encaminhados para outros zoológicos, os pássaros passam por uma espécie de fisioterapia para que possam voltar a voar. O trabalho de reabilitação de voo é feito pelos biólogos. Em área adequada para isso, os profissionais soltam a ave para que ela voe até determinado ponto. O número de sessões depende do tipo de ferimento.

Cirurgias
O ambulatório do Bosque tem capacidade para pequenos procedimentos cirúrgicos e equipamentos básicos como oxigênio e agulhas para suturas. Como não possui aparelho de raios-x próprio, o zoológico firmou um convênio com uma clínica veterinária para onde encaminha os animais. Se os casos exigirem cirurgias mais complexas, os bichos são levados para o hospital veterinário da Unesp de Jaboticabal.

Mortes
Os mamíferos lideram os casos de atropelamento. Na última semana, um pequeno sagui foi socorrido com ferimentos graves e precisou ter uma pata amputada. Dias depois, não resistiu e morreu.

Muitas das vítimas correm risco de extinção, como tamanduás-bandeira, lobos-guará e suçuaranas. Apesar de a taxa de mortalidade nos casos de atropelamento girar em torno de 90%, há casos bem-sucedidos.

Recentemente, um lobo-guará salvo há cerca de dois anos pela equipe do zoológico se tornou pai de dois filhotes. O bicho chegou ao bosque ainda bebê, vítima de um atropelamento, e precisou passar por uma cirurgia. “A pata estava muito machucada e foi preciso colocar parafusos e pinos para recuperá-la”, diz a bióloga Marisa.

Com informações de Jornal A Cidade

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