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Fabricante admite que felinos são mais sensíveis à nova fórmula da vacina antirrábica

14 de agosto de 2010
3 min. de leitura
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A morte suspeita de mais um gato vai levar a vacinação antirrábica à Justiça. A Associação Nacional de Implementação dos Direitos Animais (Anida) anunciou que entrará com pedido de liminar para impedir a segunda fase da campanha, marcada para o dia 28, no Rio. Na ação judicial, a veterinária Andréa Lambert, presidente da entidade, vai exigir que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Prefeitura investigue a morte de dois felinos, que teriam sofrido reação alérgica à nova fórmula do produto. Cerca de 30% dos 21.499 felinos imunizados há uma semana passaram mal após a aplicação da vacina.


Veterinária Andréa Lambert pedirá na Justiça a suspensão da campanha antirrábica no município
(Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia)

“É possível que o número de mortes seja maior. Esses dois casos chegaram ao nosso conhecimento porque são pessoas com recursos de pagar uma clínica na tentativa de salvar os bichanos, mas quem mora em comunidade carente sabe apenas que tomará a penosa decisão de se livrar do corpo, geralmente jogado numa lixeira”, explicou Lambert.

O Ministério da Saúde, responsável pela distribuição das doses, e o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), fabricante da vacina, admitiram que os gatos são mais sensíveis à nova fórmula do produto. O presidente da Tecpar, Luís Fernando de Oliveira Ribas, disse que a morte de felinos era esperada. “É muito chato dizer isso para quem é o tutor do bichano, mas podem ocorrer óbitos em 0,01% a 0,03% dos casos, particularmente em felinos, mais sensíveis à fórmula”, explicou.

Ribas garantiu que a vacina é mais eficaz que a anterior. “Foi feita a partir da biologia molecular, sem a necessidade de cobaias, com eficácia superior à da que fabricávamos antes, além de garantir imunidade à raiva por mais tempo”, disse. A corrida de tutores de gatos às clínicas veterinárias, segundo ele, não faz o menor sentido. “A vacina é a mesma, afinal somos nós os fornecedores do governo e da rede privada”, explicou.

Revoltada com a morte de seu gatinho, Eliane Vani de Azevedo explicou sua indignação por e-mail. “Gostaria de fazer o meu protesto em relação à vacinação antirrábica. Levei meu animal saudável, de sete quilos, lindo e amado, para ser morto. Depois de ser vacinado, meu gato reagiu muito mal, foi internado, gastei e me desgastei bastante. E agora quem vai me ressarcir? Fora o prejuízo, fica a tristeza de perder um animal querido e amado, meu xodó”.

Hipótese de suspender fases de vacinações descartadas

O Ministério da Saúde descartou a hipótese de suspender as próximas quatro fases de vacinações antirrábicas no Rio, marcadas para o dia 28, 18 de setembro, 16 de outubro e 6 de novembro. Segundo o órgão, “sem evidência científica ou recomendação técnica, não se adia ou suspende a campanha ou ainda o uso da vacina. Não vacinar os animais abre portas de entrada para o vírus rábico, podendo gerar ocorrência de casos de raiva em cães, gatos e humanos, que apresentam taxa de letalidade próxima de 100%”.

A estimativa do Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura é vacinar 528 mil cães e 156 mil gatos, até o fim da campanha em novembro. A próxima etapa será na região do Grande Méier, que abrange 17 bairros da Zona Norte. O administrador regional da 13ª RA, Reinaldo Veloso, calcula que mais de 100 bichanos serão imunizados.

“A vacina tem garantia do ministério e é melhor vacinar porque a doença está praticamente erradicada”, disse. Segundo a nota técnica do Ministerio da Saúde, o número de casos de raiva em humanos reduziu de 52 em 1990 para dois, em 2009.

Fonte: O Dia Online

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