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Animais explorados para rinhas são encontrados mutilados em SP

13 de agosto de 2010
3 min. de leitura
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Uma rinha de galo, que funcionava numa casa da Vila Araceli, foi fechada ontem (12) de manhã pela Polícia Civil de Garça (a 70 quilômetros de Bauru, em SP). Os policiais chegaram ao local após denúncia anônima.

Nos fundos do quintal da residência, que fica na rua Anita Costa 136, havia uma arena, vários animais mutilados e com ferimentos provocados durante as disputas.

O delegado titular de Garça, Valdir Tramontini, e sua equipe de investigadores constataram o crime de maus-tratos a animais. O tutor das aves, apontado como responsável pela rinha, não foi localizado. Nas gaiolas foram encontrados cinco galos, todos feridos, com lesões no peito, asa e dorso.

A veterinária da Prefeitura de Garça, Patrícia Nogueira de Almeida, foi acionada pela polícia para avaliar o caso, porque os ferimentos dos animais caracterizavam o envolvimento deles em brigas. “Os galos apreendidos apresentavam indícios (lesões atuais e cicatrizadas) de terem sido submetidos a duelos na rinha, bem como as esporas foram mutiladas (cortadas) para serem colocadas as esporas artificiais”, apontou.

Os galos estavam em gaiolas de madeiras, individuais, justamente para evitar as brigas. Os combates ocorrem nas rinhas e, segundo apurou-se, eram presenciados por diversas pessoas de Garça, de cidades vizinhas e da zona rural.

“Pelo que apuramos, desde março essa atividade ilícita vinha ocorrendo no local”, informou Tramontini.

Durante buscas, os investigadores apreenderam medicamentos, vitaminas e anabolizantes, agulhas, além de apetrechos utilizados para prática de briga de galos como esporas artificiais e protetores. “Em muitos desses casos, as aves recebem doses de medicamentos, como anabolizantes para ficarem mais fortes”, explicou Patrícia.

Segundo apurou Tramontini, essa prática era costumeira no local, atraindo várias pessoas, em sua maioria criadores que também traziam seus animais para as lutas na arena.

O tutor dos animais não foi localizado, mas está identificado, devendo responder criminalmente pelo fato. Sua avó disse ter cansado de pedir ao neto que parasse com a crueldade, mas não foi atendida. Segundo ela, vários animais já morreram por causa das brigas. Quando isso ocorre, contou a avó, “vão pra panela”.

O crime ambiental de maus-tratos está capitulado no artigo 32 da lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, sendo prevista detenção de 3 meses a 1 ano e multa. Os animais foram encaminhados a local seguro pela veterinária da prefeitura.

“Isso é inconcebível”

Rinha de galos é uma prática proibida por lei, por submeter os animais a sofrimentos para pura diversão dos homens. “Os direitos dos animais domésticos devem ser respeitados”, disse a veterinária Patrícia Nogueira de Almeida. Indignada com o que viu, ela diz que a situação encontrada no local revela a crueldade do ser humano. “É inconcebível em pleno século 20 que esse tipo de coisa ainda aconteça”.

No Brasil, as brigas de galo estão proibidas desde 1934, com a edição do decreto federal 24.645, que proíbe “realizar ou promover lutas entre animais da mesma espécie ou de espécies diferentes, touradas e simulacro de touradas, ainda mesmo em lugar privado”.

Em 1998, a Lei de Crimes Ambientais estabeleceu como crime submeter animais à crueldade. A Constituição Federal estabelece que é incumbência do poder público “proteger a fauna e a flora” e proíbe as práticas que provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.

Fonte: JCNET

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