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A evolução de nós mesmos

27 de julho de 2010
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Por mais que devamos respeitar as liberdades individuais de cada ser humano, seja em relação a sua crença, pensamento, opinião e posição, não consigo aceitar que animais sejam cruelmente assassinados para atender interesses ligados à tradição, concepção e crença religiosa. O movimento dos babalorixás e yalorixás que me desculpe, mas argumentar a permanência da utilização de animais em sacrifício de rituais em função de uma tradição trazida da África é insuficiente e pouco convincente.

Tal como a natureza, a vida na face da Terra percorre constantemente um caminho evolutivo, cuja sustentabilidade e condições vitais impõem normas mutáveis de readaptação e reavaliação. Trata-se de uma condição biológica comum a todos os seres vivos, que pode ser estendida de forma análoga a outros campos do saber e do viver humano (política, religião, economia etc.).

Para que a humanidade possa conviver de forma sustentável enquanto grupo social – e isso é evolução -, deve haver uma permanente e vigilante reavaliação de seus conceitos e de suas normas reguladoras. E isso deve acontecer não só com os humanos entre si, mas também na relação destes com os demais seres vivos. A vida e o direito a ela não é um privilégio e uma exclusividade de uma única espécie. Por isso, é fundamental que a ética e a moral sejam estendidas a todos os seres deste planeta. Do contrário, continuaremos sendo egoístas, mesquinhos e prepotentes, tais como nossos antepassados da Idade Média, entorpecidos pela visão antropocêntrica (o homem no centro) do universo.

A História mostra a mutabilidade das coisas e de nós mesmos. Basta olhar para trás para percebermos a diferença entre o que éramos ontem e o que somos hoje. Somos seres que se metamorfoseiam com tudo aquilo que produzimos, ou seja, com tudo que é próprio da cultura. E, nessa produção cultural, criamos, reinventamos e sepultamos ideologias, filosofias, crenças, costumes e modos de vida. Nada passa sem a transposição dos limites, da superação dos obstáculos e da quebra de paradigmas. Imaginem como o mundo seria estático e sem novidades caso nos prendêssemos em defesa da tradição como justificativa para a manutenção e permanência daquilo que vivemos e experimentamos. Pela tradição, ainda teríamos o espetáculo com seres humanos sendo devorados por feras; veríamos pessoas sendo queimadas vivas em fogueiras públicas; negros açoitados em pelourinhos; mulheres sem direito a voz, a voto e ao trabalho; andaríamos em carroças e sequer existiria o computador.

A evolução de nós mesmos passa pelas atitudes de respeito e defesa da vida de todas as criaturas. O limite de nossa liberdade termina no direito à liberdade dos outros seres, também dotados de sentimento e sensíveis à dor, à maldade e à crueldade. Não são eles que devem pagar pelas nossas crenças.

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