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Mergulhadores se reúnem para salvar tubarões

21 de julho de 2010
4 min. de leitura
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Por Giovanna Chinellato (da Redação)

Foto: E Magazine

Ty Sawyer, mergulhador experiente e diretor editorial da Sport Diver Magazine, encontrou-se com um tubarão pela primeira vez com 15 anos. Nos 32 anos que se passaram, sua paixão por mergulhar com os predadores marinhos apenas aumentou.

“Se houver a oportunidade, pularei na água com os tubarões”, disse Sawyer. “É absolutamente incrível ver esse animal antigo nadando e vivendo sua vida. Quando você os vê em ação na água, fica em choque, maravilhado, e é difícil tirar os olhos deles.”

Há muito preconceito em torno dos tubarões, mas a verdade é que as pessoas são a grande ameaça para os esses animais, e não o contrário.

Não existe forma melhor de entender os tubarões do que vê-los em seu habitat natural. É apenas depois de mergulhar com tubarões que você percebe que esses animais poderosos são muito mais curiosos do que ferozes.

“Quase todos os tubarões que encontrei mostraram interesse e não agressividade”, diz o mergulhador e fotógrafo Budd Riker. “Eles são muito curiosos. E realmente belos. Uma ondulada de cauda que você mal percebe e lá se vão eles… movendo-se rapidamente pela água.”

De acordo com reportagem da revista E Magazine, Riker teve seu primeiro encontro com cerca de 20 tubarões azuis da Costa de São Digo em 1982. Naquela época, poucas pessoas mergulhavam com tubarões e o senso comum era de que fossem seres perigosos (o que contribuiu bastante com o mito foi o filme Tubarão, de 1975).

“Eles vieram e cheiraram a câmera, mas não fizeram nada agressivo”, disse Riker. “Aprendi que tudo o que me disseram sobre tubarões era errado.”

Chistopher Robinson, diretor editorial da Outdoor Photographer Magazine, é praticamente amador no mergulho. Ele começou em 2006, fazendo um curso em mar aberto da PADI (Professional Association of Diving Instructors). Na viagem da PADI para o Taiti, ele logo mergulhou com tubarões limão e de pontas-pretas.

“Achei a experiência completamente mágica”, disse Robinson. “É uma sensação totalmente diferente estar na água com um tubarão pela primeira vez. Para mim, eles são simplesmente os animais mais graciosos e elegantes que já vi, dentro ou fora da água”, ele disse. “Quanto mais mergulhei, mais eu queria mergulhar. Assim que você supera o senso comum, aprende que eles são criaturas poderosas e vitais para o ecossistema em que vivem.”

O que faz esses mergulhadores, e muitos outros, amarem tanto os tubarões? Os três entrevistados relataram suas experiências para o mundo por meio da fotografia – mostrando a beleza do animal, não aumentando o mito e o terror.

Os cientistas dizem que os tubarões são um dos moradores mais antigos do oceano, com as espécies mais antigas tendo vivido há 420 milhões de anos. Com sete sentidos (dois a mais que nós, meros humanos), eles têm a habilidade de sentir mudanças na pressão da água e pequenas descargas elétricas, como movimentos musculares.

Já que a maior parte das espécies precisa nadar constantemente para não se afogar, os tubarões estão sempre se mexendo. Flutuar no oceano com eles, parte de seu mundo, faz os mergulhadores sentirem de primeira mão sua energia e poder.

A maior parte dos mergulhadores compartilha a preocupação pelo bem das populações de tubarão e do ecossistema marinho, do qual nós dependemos. Sawyer e Riker testemunharam uma queda nas espécies de tubarão ao longo dos anos. De acordo com a fundação Project AWARE, que trabalha ao redor do mundo pelos tubarões, algumas espécies diminuíram em 90% nos últimos 20 anos.

Os tubarões estão vulneráveis à extinção devido à pesca, o que só se agrava por terem longa expectativa de vida e baixas taxas de natalidade. Estima-se que 100 milhões de tubarões sejam mortos todo ano, sendo 73 milhões para a indústria de barbatanas, pela prática do finning. Finning é o método em que se arranca a barbatana do tubarão ainda vivo e o animal é devolvido, agonizando, para o mar, onde morre sufocado.

Apesar do tratado para proteger tubarões, em março de 2010 a Convention on International Trade in Endangered Species (CITES), um acordo internacional entre governos, falhou em aceitar as propostas para coibir a caça de tubarões.

“A razão para a decisão da CITES ser um desapontamento é ser uma das poucas convenções que levam em conta cada nação independente”, disse Jenny Miller Garmendia, diretora executiva do Project AWARE.

Por que proteger tubarões? Porque, além da perda do animal majestoso, o desrespeito ao indivíduo, o declínio nas populações já tem afetado o balanço do ecossistema marinho. “Recusando-se a comprar pedaços de tubarões, e encorajando amigos a boicotá-los, reportar violações e práticas de finning, os mergulhadores podem usar sua influência individual, assim como sua voz como um grupo, para reverter a situação de exploração e extinção dos tubarões.”

Recentemente, Palau e as ilhas Maldivas, destinos populares de quem quer mergulhar com tubarões, foram declarados santuários para os grandes animais marinhos. Mergulhadores, como Riker, Robinson e Sawyer, compartilham seu amor pelos tubarões e capturam sua graça e poder por meio de artigos e fotografias.

Conheça o Project AWARE aqui (em inglês).

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