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Reflexão sobre as causas e consequências de quem resgata e acumula animais

20 de julho de 2010
3 min. de leitura
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Por Marcela Couto (da Redação)

Começa com a melhor das intenções, “resgata-se” um gato de rua precisando de uma boa refeição e  afeto. Porém, o final da história quase sempre é triste: um animal multiplicando-se em dúzias com pouca comida e sem cuidados veterinários.

Foto: Staten Island Advance/Hilton Flores

 Os grupos de resgate animal de Staten Island, Nova York, EUA, encontram casos como estes todos os dias.

“As pessoas pensam que estão fazendo algo bom quando na verdade é o contrário”, disse Lisa Rooney, fundadora de um grupo de resgate chamado P.L.U.T.O, do condado de Richmond. Ela é a favor do programa trap-neuter-release (pega-castra-solta), que captura e castra gatos de rua e depois os liberta para viverem em locais urbanos, em vez da prática comum de levar animais para casa sem ter os cuidados necessários. “Esses animais estão vivendo em condições deploráveis, infestados de moscas, com os olhos lacrimejantes. É triste, mas as pessoas não enxergam dessa forma.”

Todo ano, 500 mil animais são vítimas do que os especialistas chamam de animal hoarding (acumulação de animais), que consiste em manter um grande número de animais domésticos sem controle algum em um espaço insalubre.

Em Nova York, cerca de 100 novos casos são identificados por grupos de resgate a cada ano, e alguns deles envolvem mais de 60 animais vivendo em uma única residência, de acordo com o Fundo para a Saúde Pública de NY.

O problema existe em toda a Staten Island, mas permanece escondido até que os vizinhos comecem a reclamar do mau cheiro e da presença de moscas e vermes. Mesmo assim, a linha que divide acumular animais e ferir animais ainda é difícil de definir.

“Eles começam achando que estão fazendo o certo, mas então os animais começam a se reproduzir e não há lugar para ficarem,” disse Clo Garguilo, presidente do Conselho de Staten Island para o Bem-Estar Animal. “Eles podem achar que não, mas isso é crueldade animal.”

Não há leis que limitem o número de animais que um cidadão pode tutelar, mas a acumulação, em alguns casos, pode ser condenada por leis estaduais contra a crueldade animal. A informação é de Stacy Wolf, vice-presidente e conselheira chefe de um departamento legal da ASPCA.

“Se o animal está ferido e com problemas de saúde, o caso é enquadrado em crueldade animal. Mas, se os animais estão vivendo em um ambiente sujo e amontoados, porém estão em boas condições, não temos como acusar o tutor criminalmente.”

Em um caso recente, uma moradora de Oakwood mantinha 40 gatos em seu apartamento em péssimas condições sanitárias. Quatro deles foram resgatados pelo Controle de Animais de NY, e um grupo de resgate animal trabalhou para abrigar os restantes. A mulher não recebeu acusações criminais porque, apesar da falta de cuidados, os animais não apresentaram problemas.

Em situações como esta, entra em cena o grupo de intervenção contra a crueldade da ASPCA (Cruelty Intervention Advocacy), do qual Wolf faz parte. O programa procura soluções para a vida dos animais quando não há acusações criminais contra os tutores, contando com ajuda de agentes do serviço social.

“Nós tentamos trabalhar com as pessoas para que elas diminuam o número de animais, então vermifugamos e castramos cães e gatos”, diz Wolf. “Não são apenas os animais que correm riscos, as pessoas também sofrem com o problema.”

A acumulação de animais não chegou a ser classificada como uma condição psicológica, mas a comunidade de especialistas em saúde mental está avaliando suas ligações com transtornos obsessivos e compulsivos. O problema se tornou tão comum que o Animal Planet irá exibir um documentário sobre o assunto, chamado Confessions: Animal Hoarding.

De acordo com a Sra. Wolf, muitos acumuladores de animais são homens e mulheres idosos procurando companhia.

“Ninguém quer processar uma senhora de 88 anos à procura de companhia. Mas isso não justifica o sofrimento dos animais”, conclui Wolf.

Com informações de silive.com

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