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A virtude da beleza

17 de julho de 2010
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“Os sentimentos egoístas são mais danosos à beleza dos que os radicais livres, que as toxinas, que o excesso de oxidantes, que as gorduras não saturadas”


Uma leitora, depois de ter assistido a um programa de moda num canal de TV a cabo, gentilmente me pediu para comentar o uso de peles de animais no vestuário feminino. Pois é. Seria apenas uma escolha cruel, não fosse absolutamente inútil e de gosto duvidoso. Existem tecidos das mais variadas texturas para aquecer o corpo em época de frio, sem recorrer a chinchilas, focas, leopardos, raposas, linces, castores canadenses e carneiros persas.

Ensinou Pitágoras, o primeiro dos grandes filósofos: “O luxo mais simples é o mais excelente”, e ainda, “Procure ser elegante e puro sem excitar a inveja e sentimentos subalternos” .

Uma pessoa dotada de certa sensibilidade não carregará em seus ombros ou em contato com seu corpo a pele de um ser suprimido com violência. Por mais colorida e tratada que seja, carrega o espanto da morte, do sacrifício desnecessário, da crueldade que se fez possível pela ganância de alguns e pela vaidade fútil e efêmera da mulher. Justificar-se- ia para um esquimó – como meio de sobreviver entre gelos eternos -, mas nunca para uma mulher que pretenda realçar sua beleza física (ou mais frequentemente para encobrir seus defeitos).

Segundo o alquimista, o mediador plástico – influenciado de vontades e desejos, de práticas e contatos – processa o bem, o mal, a grandeza e a pequenez do indivíduo para que possam ser por ele assimilados na esfera espiritual e naquela corpórea. Dessa forma não se escapa ao processo constante de causa e efeito, ao Karma, que reserva a cada um o justo mérito e o inexorável castigo.

A monstruosidade moral produz feiura física. Pois existe um mediador plástico no ser humano que dilata o ventre e as mandíbulas do guloso, aponta os lábios do avarento, torna impudente o olhar da mulher impura e venenosa a expressão do invejoso.

A natureza que frequentamos, que ingerimos, que respiramos, que vestimos transmite sua semelhança. São eles os elementos alquímicos que modificam nossa exterioridade.

Os sentimentos egoístas, e neles deve-se incluir os que estimulam a matança de animais para enfeitar mulheres fúteis, são mais danosos à beleza dos que os radicais livres, que as toxinas, que o excesso de oxidantes, que as gorduras não saturadas. Apagam-se o brilho do olhar, a maciez da pele e dos cabelos. O charme exala.

Lembrem-se as mulheres: a beleza é um empréstimo que a natureza faz à virtude. Perdida a virtude, não há como se conservar a beleza.

Vittorio Medioli

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