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Jardim Botânico de Brasília prepara animais apreendidos para voltarem à natureza

5 de julho de 2010
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Na gerência de preservação do Jardim Botânico os animais apreendidos são readaptados e preparados para voltar à natureza. Bichos têm de ser reeducados.

Trabalho é o que não falta na gerência de preservação do Jardim Botânico de Brasília (DF). E apenas quatro funcionários – o gestor ambiental Alex Alves Amorim, os biólogos Fernando Nolli e Roberto e o veterinário Justino – formam o quadro desse departamento responsável pela movimentação de toda a parte de pesquisa, levantamento e monitoramento da fauna do cerrado nos cerca de 10 mil hectares que compõem a área de abrangência do JBB.

Quase diariamente chega ao Jardim Botânico um animal, trazido pelo pessoal do Ibama, para ser solto no cerrado. A maioria capturada na rua ou em residências de Brasília e das cidades do Entorno do DF. Na terça-feira (29), um tamanduá-mirim chegava para ser solto imediatamente na área do JBB. Ao pequeno animal somam-se cobras, corujas, ouriços-caixeiros, tatus e até gato-do-mato, jaguatirica, onça-parda ou suçuarana, veado, gato-jaguarundi, lobo-guará e macacos como o bugio ou guariba.

Para os macacos foi criado, inclusive, um projeto especial, o Reabilita I, em parceria com o Ibama. O objetivo é manter o animal durante seis a oito meses em processo de readaptação, já que, em geral, ele chega corrompido pelo convívio com os humanos.

Segundo Fernando Nolli, no viveiro do Reabilita o animal é reeducado e se alimenta do que habitualmente é acostumado quando está solto na natureza, ou seja,  folhas e frutos silvestres. “A gente fez estudos com herbáreos para definir que tipo de folhas eles comem. Geralmente se alimentam de folhas de árvores das matas de galerias. Identificamos mais de 30 espécies de vegetações que servem de alimento para os macacos”, revela Fernando. Depois de readaptados, eles são soltos na natureza.

Há histórias interessantes no cotidiano dos funcionários da gerência de preservação. Caso da loba-guará que apareceu em uma residência no Setor de Mansões Park Way com apenas cinco meses de vida, provavelmente abandonada pela mãe. Um filhote dessa espécie costuma ficar junto à mãe por um período de até um ano e meio. Por isso, foi alimentada pelo pessoal da gerência até completar  um ano, quando então foi solta na área do Jardim Botânico depois de marcada e devidamente registrada, ou seja, de ter passado por um processo completo de biometria.

A loba pode ser avistada em algum lugar do JBB e adjacências. O Jardim Botânico tem uma área de cerca de cinco mil hectares que se completa com a Reserva Ecológica do IBGE, com mais três mil hectares, e a Fazenda da Universidade de Brasília, com outros dois mil hectares. Esses animais têm, portanto, pelo menos 10 mil hectares de cerrado bem preservados dentro de Brasília para se movimentar com tranquilidade.

A vegetação do cerrado constitui-se de árvores e arbustos distribuídos descontinuamente, à qual se soma uma camada contínua de gramíneas e herbáceas que subsistem principalmente no período chuvoso. As árvores permanentes, em geral tortuosas, não muito altas, com ramos grossos retorcidos, casca espessa, folhas coriáceas e pilosas, formam uma paisagem única, rica em espécies que produzem frutos comestíveis e saborosos. Ocorrem, ainda, outras espécies que não são exclusivas dos cerrados, mas que compõem o mosaico fisionômico característico da região, como por exemplo, as matas de galeria.

Toda essa diversidade se junta para compor um cenário de imensa riqueza de flora que atrai igualmente uma fauna rica em diversidade, composta de animais como veados, lobos-guará, tatus e micos-estrela e aves como as que podem ser avistadas em grande número no início da manhã e ao final do dia. As matas de galeria ocorrem ao longo de pequenos rios e córregos, e o interior é constantemente sombreado e úmido, criando um ambiente que favorece animais mais delicados e exigentes.

Dentre os mamíferos de maior porte já foi registrada na região a presença de antas, de grandes felinos, de diversos canídeos e cervídeos, de tatus e tamanduás. Existem numerosos pequenos mamíferos, muitos ainda não descritos e outros de aparência rara. Há algumas espécies de primatas, como o guariba e os saguis, e grande diversidade de aves. O cerrado é considerado o quarto ecossistema com maior diversidade de aves do mundo, sendo comuns as emas, seriemas, papagaios e tucanos.

No grupo dos répteis existem cerca de 250 espécies identificadas, entre cobras, lagartos, jacarés e cágados. Os invertebrados são muito abundantes e incluem um elevado número de endemismos. Podemos destacar os cupins, as abelhas e as formigas, para citar os mais ocorrentes.

Fonte: Jornal da Comunidade



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