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Paul Watson, fundador da Sea Shepherd, luta incansavelmente contra caça de baleias

5 de junho de 2010
2 min. de leitura
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Em 1975, o ex-marinheiro canadense Paul Watson, de 50 anos, eleito em 2000 pela revista Time um dos “heróis ambientais” do século XX pelo trabalho em defesa das espécies marinhas, participava da campanha do Greenpeace contra a caça de baleias pelos soviéticos. Em alto-mar, a tática era colocar seu bote inflável Zodiac entre o baleeiro e os animais, para impedir o ataque.

No confronto, Watson viu uma baleia ser ferida por um arpão que passou pelo bote. Temeu que ela revidasse, mas diz ter enxergado compreensão nos olhos do animal moribundo, que deslizou nas águas e desapareceu. “Ela podia ter nos matado, mas de certa forma sabia que estávamos ao seu lado”, diz. “Vi que a baleia fez uma escolha de não nos matar e isso fez toda a diferença na minha vida.”

Em 1977, Watson rompeu com o Greenpeace, que ajudara a fundar, alegando que ele se tornara “burocrático”. Criou a Sea Shepherd, ONG que faz uma espécie de guerrilha no combate a baleeiros, usando métodos como a invasão de embarcações e até colisões propositais no mar.

Watson é combativo e midiático. Em 1977, algemou-se a uma pilha de peles de focas para protestar contra a caça aos animais. Foi espancado por caçadores. Há dois anos, levou dois tiros. Escapou porque vestia um colete à prova de balas. O drama foi mostrado pela TV, no Whale Wars, espécie de reality show do canal Animal Planet sobre o trabalho da Sea Shepherd. “São riscos que você precisa tomar.”

Paul Watson e companheira de combate (Foto:Eric Cheng/REUTERS)

Segundo Watson, as estratégias da ONG permitiram salvar dezenas de milhares de baleias. A última ofensiva ocorreu em abril e frustrou a campanha anual de caça às baleias do Japão. Os baleeiros, que tinham uma cota de 935 animais para abater, mataram 507. Na guerrilha marinha, em janeiro, a equipe da Sea Shepherd lançou sua superlancha contra um baleeiro. O barco da ONG naufragou. “Barcos podem ser repostos, mas as baleias não”, diz Watson. O capitão da lancha Pete Bethune, está retido no Japão, aguardando o veredito do julgamento em que é acusado de ter invadido o arpoador. Pode pegar 15 anos de prisão.

Watson se defende das acusações de uso de violência. “Se eu fosse terrorista, estaria na prisão. O fato é que nunca ferimos ninguém e eu realmente não ligo para o que as pessoas falam.”

O canadense diz que seu trabalho está longe de acabar, porque países como Japão, Noruega e Islândia ainda caçam baleias para consumo de carne, usando como pretexto “fins científicos”. No fim deste mês, a Comissão Internacional de Baleias estuda liberar a caça com uma cota máxima. “É verdadeiramente uma organização inútil”, critica Watson. “Mas é a única coisa que temos, precisamos nos ater a isso. Leis internacionais eficazes deveriam existir, mas não há vontade política dos países para isso.”

Fonte: Estadão

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