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Ações humanas provocaram a extinção da borboleta grande-branca

20 de junho de 2010
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Foto: Reprodução/ DN


Era grande, branca e só existia na ilha da Madeira: daí ser vulgarmente conhecida como grande-branca-da-madeira. Os últimos exemplares vivos da borboleta Pieris Brassicae Wollastoni foram observados em maio de 1977 na Encumeada e no Paul da Serra. Não existiam indícios de que estivesse ameaçada, nem previsões de que fosse desaparecer. E, por isso, nada foi feito no sentido da sua conservação.

Até 1950, a grande-branca foi referenciada sempre a altitudes superiores a 650 metros, chegando até aos 1200 metros. “A partir desta data, começa a voar também a altitudes inferiores, em zonas agrícolas onde as suas lagartas são encontradas a alimentar-se de couve”, informa António Branquinho. Apareciam às dúzias em cima das folhas da couve e, por isso, eram facilmente observadas. Em adultas, o seu tamanho e coloração branca também não lhes permitiam passar facilmente despercebidas.

O seu desaparecimento é quase um mistério, existindo por isso várias explicações para a sua extinção. A maioria das hipóteses incide nas ameaças ao habitat da borboleta, resultantes da ação humana, nomeadamente as queimadas florestais, a ação do pastoreio desordenado e as atividades agrícolas. “Sou da opinião de que nenhuma dessas hipóteses explica o desaparecimento desta borboleta, até porque algumas destas atividades já estavam em diminuição na altura dos acontecimentos e outras como o pastoreio não aconteciam no seu habitat”, explica o especialista em borboletas da Madeira.

Para António Aguiar Branquinho, uma das hipóteses mais prováveis é a de Gardiner (2003) “que propõe que o desaparecimento da Pieris Brassicae Wollastoni ocorreu pouco depois da introdução na Madeira em 1974 da espécie Pieris Rapae (pequena-branca), que foi aparentemente arrastada pelo ‘leste’ a partir do Sul da Europa, e que esta última poderia ser portadora de uma estirpe do vírus da granulose que afeta as borboletas do gênero Pieris”.

De acordo com a explicação de Gardiner, a grande-branca não teria defesas para combater a estirpe, por nunca ter sido exposta ao vírus. “Este vírus poderia assim ter originado uma infecção generalizada ao ponto de dizimar as populações da borboleta”, explica o especialista. E acrescenta: “Outra hipótese credível seria a introdução natural de uma vespa parasita do gênero Apanteles como A. Glomerata, que na Europa é responsável por 95% das mortes de lagartas das borboletas do género Pieris.

Com informações do DN

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