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O pássaro rolieiro corre risco de sumir dos céus de Portugal

6 de junho de 2010
2 min. de leitura
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Foto: Christian Svane/Wikimedia Commons

O espetáculo começa agora, em paralelo com a época de reprodução do rolieiro, apontado como a ave mais colorida do território lusitano. Os machos, que por vezes até são acompanhados pelas próprias fêmeas, realizam paradas nupciais, numa rara demonstração de “acrobacia”, exibindo os seus dotes para conquistar o par. Fazem piruetas e um estranho voo “rolado”. Começam por ganhar altitude e depois “mergulham” no vazio batendo as asas com vigor e rodando sobre si próprios.

Um ritual de acasalamento digno de juntar nas áreas mais quentes e secas do Alentejo e Beira Baixa os amantes da observação de aves, hoje, mais do que nunca, preocupados com o decréscimo que a curiosa espécie vem sofrendo em território nacional, a ponto de estar classificada como em risco de extinção.

Segundo a bióloga Inês Catry, do Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge, a primeira confirmação da reprodução do rolieiro em Portugal data de 1973, nos distritos de Castelo Branco e Portalegre. Sua aparição veio a ocorrer em outros lugares do país, mas há cerca de 15 anos começou a desaparecer de Trás-os-Montes e Beira Alta. Hoje, a espécie está praticamente confinada a três distritos: Castro Verde, Elvas e Castelo Branco.

Na primavera de 2009, Inês Catry realizou um censo de rolieiro em 16 áreas classificadas como prioritárias para a conservação da espécie em Portugal, onde se contabilizaram cerca de 60 casais nidificantes, confirmando-se a tendência de decréscimo da comunidade.

“Em alguns locais, o declínio está relacionado com a perda de habitat, com o abandono das práticas agrícolas tradicionais e pastagens e o aumento da intensificação agrícola. Também o uso intensivo de pesticidas na agricultura moderna contribuiu para a redução intensa de insetos de grande porte, que são as presas-alvo do rolieiro”, justifica a bióloga.

A base da dieta desta espécie é constituída majoritariamente por artrópodes, mas eles podem também consumir pequenos vertebrados, como répteis e anfíbios, pequenas aves e até roedores. Entre as presas mais comuns estão os insetos de médio e grande porte, nomeadamente escaravelhos, grilos e gafanhotos. Em geral, a ave caça pousada em um ponto alto, como árvores e postes, observando o solo em áreas de pouca vegetação. Depois de capturar a sua presa volta à base original, onde a ingere. Às vezes, captura insetos em voo, em pequenas perseguições.

“Dependendo da disponibilidade de presas, a dieta pode variar, mas podemos considerar que ajudam os agricultores, contribuindo para diminuir a abundância de insetos nas culturas”, descreve Inês Catry.

A reprodução da ave acontece frequentemente ainda nos locais de baixa estação, ou a caminho das áreas de reprodução. A ligação entre progenitores e as crias mantém-se até a emancipação dos juvenis, no momento em que saem dos ninhos, com cerca de um mês de idade.

Fonte: DN

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