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Peixe-boi já era explorado no Brasil colônia

5 de junho de 2010
3 min. de leitura
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Em 1974, quando o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) começou o Projeto Peixe-Boi, Vera da Silva já estava na instituição – era estudante de Biologia. O projeto evoluiu e deu origem à divisão de mamíferos aquáticos do Inpa, onde, além do peixe-boi, são estudados também botos e ariranhas. Com núcleos espalhados pelo Acre, Roraima e Rondônia, Instituto é referência mundial na pesquisa de mamíferos de água doce.

Vera da Silva acaricia um Peixe-boi em um dos tanques do Inpa, em Manaus
Vera da Silva acaricia um Peixe-boi em um dos tanques do Inpa, em Manaus (Foto: Reprodução/Estadão)

Vera diz que uma das principais dificuldades do projeto de preservação do peixe-boi está ligada ao histórico de superexploração do animal. “O peixe-boi é uma espécie importante para a população ribeirinha da Amazônia e sempre foi explorada como uma mercadoria muito apreciada, desde a época do Brasil colônia”, diz Vera.

Ela conta que há relatos do Padre José de Anchieta e também de José Bonifácio de Andrada e Silva sobre o uso variado que as populações ribeirinhas faziam do animal. “Os índios já utilizavam o couro do peixe-boi para fazer zarabatanas e escudos. Mas a ameaça veio mesmo quando os portugueses despertaram para o consumo da sua carne, gordura abundante e couro.”

Vera afirma que entre 1930 e 1950 o couro teve até aplicação industrial. Foi muito utilizado na fabricação de correias de máquinas de todos os tipos. “Minha mãe tinha uma máquina de costura movimentada por uma correia de couro de peixe-boi.”

A pesquisadora hoje é presidente da Associação Amigos do Peixe Boi (Ampa), criada para facilitar atividades como o resgate de animais feridos ou mantidos em cativeiro, a conscientização das populações ribeirinhas e a reintrodução no hábitat de origem dos mamíferos encaminhados às unidades do Inpa – geralmente filhotes.

“Como os filhotes têm de vir à tona mais vezes para respirar, tornam-se presas fáceis. Além disso, servem de isca para a captura das mães. Elas estão sempre ao lado dos filhote, porque os amamentam por dois anos.”

Outra característica que facilita a captura dos peixes-bois é a de que, por serem herbívoros, eles se concentrarem em várzeas. Lá viram alvos do homem.

“Hoje as pessoas estão muito mais conscientes, todos sabem que a espécie é ameaçada de extinção. E os celulares tornaram tudo mais fácil. Quando recebemos um chamado, ligamos para o Ibama e pedimos o resgate na hora”, diz. “Antes, em boa parte das vezes, o animal já estava morto quando chegávamos.”

Com informações do Estadão

Nota da Redação: Todas as espécies animais são importantes e devem ser respeitadas como sujeitos de direito. O respeito não deve esperar uma espécie entrar em risco de extinção para que despertemos para um discurso de preservação. O que devemos fazer é desenvolver um respeito profundo e uma consistente consciência de sustentabilidade por toda natureza.

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