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Rabino vegetariano diz que a Lei judaica protege animais

27 de maio de 2010
3 min. de leitura
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Por Giovanna Chinelatto   (da Redação)

Rabino Joshua Hammerman. Foto: sem crédito

Há mais de duas décadas, o rabino Joshua Hammerman é líder espiritual do Templo Beth El, na cidade de Stamford, no estado de Connecticut. Vegetariano e grande amante dos animais ele fala, em entrevista à revista The Jewish Week, que as leis judaicas há muito tempo incorporaram os direitos animais. A Torá, segundo ele, não poderia ser mais explicita quando instrui (Êxodo 23:5) a assistir o animal de nosso inimigo. Nesse versículo, o animal maltratado é um jumento, provavelmente pelo tutor. Com base nessa lei, os rabinos estabeleceram o conceito de “tza’ar ba’ale hayyim“, pedindo-nos que minimizemos o sofrimento de todas as criaturas vivas, literalmente pedindo para “sentirmos sua dor”.

The Jewish Week: Isso pode parecer estranho, mas acho que meu vizinho é cruel com o beagle dele. Eu sei que se estivéssemos falando de uma pessoa, a lei judaica iria me obrigar a ir às autoridades. Mas é um cachorro. Qual minha obrigação aqui?
Rabino Joshua Hammerman:
Você precisa fazer algo a respeito. E não digo isso meramente por ser amante dos animais, vegetariano tutor de dois poodles. Digo isso porque é a coisa certa a fazer. A cultura judaica há muito incorporou os direitos animais.

A Torá não poderia ser mais explícita quando nos instrui (Êxodo 23:5) a assistir o animal de nosso inimigo. Nesse versículo, o animal maltratado é um jumento, provavelmente pelo tutor. Com base nessa lei, os rabinos estabeleceram o conceito de “tza’ar ba’ale hayyim“, pedindo-nos que minimizemos o sofrimento de todas as criaturas vivas, literalmente pedindo para “sentirmos sua dor”.

Os judeus têm um longo histórico de se opor a atividades como caça “esportiva”, rinhas de galo. O Talmude diz que qualquer pessoa que se sente numa arena para assistir a tais “eventos” é responsável pelo derramamento de sangue. Deveríamos nos abster de comer até que nossos animais tenham comido, e não temos permissão para comprar nenhum animal se não tivermos condições de lhe fornecer o devido cuidado e zelo.

Os animais estão protegidos até no Shabat, em que nós somos proibidos de colocar qualquer culpa neles. Um capítulo inteiro do Shulchan Aruch trata disso. Um bom resumo de como os judeus veem os direitos animais pode ser encontrado lá.

O website da ASPCA detalha como determinar se um abuso está realmente ocorrendo e o que você precisa fazer a respeito disso. O Caso Michael Vick sensibilizou todos quanto à necessidade de vigiar abusos de animais, e o primeiro local para fazer isso é na própria vizinhança. A Humane Society dos Estados Unidos tem até um canal telefônico para denúncias de rinhas de cães – apesar de isso não ser muito relevante com um beagle de estimação. Judeus americanos já tiveram um escândalo de direitos animais nas costas, as condições desumanas da fábrica Agriprocessors.

A sociedade ocidental melhorou bastante em sua sensibilidade para com os animais (no reinado de Elizabeth da Inglaterra, por exemplo, rinhas de cães eram quase onipresentes), mas temos ainda um longo caminho a percorrer.

Logo, se suas suspeitas de crueldade têm fundamento, você precisa tomar uma atitude.

O Rabino Joshua Hammerman  possui um blog (em inglês) e Twitter.

Você pode contatá-lo pelo e-mail [email protected]

 


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