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Sudeste tem mais espécies marinhas ameaçadas no País

22 de maio de 2010
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Pesquisadores de quatro instituições divulgam hoje (22) um estudo que mostra as áreas-chave para a preservação da biodiversidade marinha no País. Eles dividiram a região costeira em oito “ecorregiões” e concluíram que a Sudeste (que inclui o litoral de São Paulo) é a que mais possui espécies ameaçadas de extinção: no total, 47 habitam a área.

Em segundo lugar aparece a região nomeada de Rio Grande – que abriga importantes áreas de pesca no Sul do Brasil -, com 32 espécies ameaçadas. E, em terceiro, com 30 espécies, ficou a região Brasil Oriental – que pega o litoral do Espírito Santo e da Bahia (onde ficam os extensos recifes de coral de Abrolhos).

Unindo informações da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), do Ministério do Meio Ambiente e dos Estados, os cientistas chegaram a 59 espécies em risco de extinção que são observadas no País.

Há diferentes classificações para o nível de ameaça: 41 estão em situação vulnerável (entre eles o tubarão-limão e a raia pintada), 10 estão ameaçadas (como o tubarão-anjo e o pargo) e 8 estão criticamente ameaçadas (exemplos são o mero, o tubarão-listrado e a arraia-serra).

A pesquisa será apresentada hoje – quando se comemora o Dia Internacional da Biodiversidade – no Viva a Mata 2010, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Os pesquisadores são ligados às universidades federais da Paraíba e do Mato Grosso do Sul, além das ONGs Conservação Internacional (CI) e Fundação SOS Mata Atlântica.

“Nosso objetivo com o estudo é evitar a perda da biodiversidade. Os locais onde há mais espécies ameaçadas precisam ser protegidos primeiro”, afirma Ronaldo Bastos Francini-Filho, professor do curso de ecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Fábio Santos Motta, coordenador do Programa Costa Atlântica da Fundação SOS Mata Atlântica, concorda com o colega. “É preciso planejar melhor as ações de conservação. Como não há recursos para proteger toda a costa, é necessário saber as áreas prioritárias”, diz.

De acordo com Motta, obras de infraestrutura, como a construção de portos, e a exploração de petróleo têm de levar em conta as informações sobre a riqueza biológica antes de serem realizadas por empresas ou pelo governo.

Ameaças. O Sudeste está numa situação complicada por diversos motivos. Um deles é a pesca, que contribui para a redução das populações de peixes. Outro é a perda de habitats – a pesca de arrasto em grande profundidade leva, além do peixe, parte do habitat, como esponjas e corais. O turismo e a poluição em larga escala também prejudicam as espécies marinhas.

No Norte e no Nordeste do País, a situação aparentemente é melhor, porém faltam estudos e dados sobre onde são encontradas as espécies ameaçadas.

Na verdade, o conhecimento da situação dos animais marinhos ainda é ínfimo. De acordo com Francini Filho, existem entre 1,3 mil e 1,5 mil peixes marinhos no País. “Ainda não avaliamos nem 200 deles e muita coisa já pode ter desaparecido.” Assim que se souber mais sobre as espécies que vivem no País, esse estudo pode ser complementado.

A meta do País na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que deveria ser cumprida neste ano, é de ter 10% dos mares brasileiros protegidos. No entanto, ainda não conseguimos passar de 1%.

Segundo o professor da UFPB, entre os países mais corajosos na proteção das regiões costeiras estão a Austrália, famosa por sua Grande Barreira de Corais, e os EUA. Mas isso não significa que a biodiversidade nesses países esteja a salvo. Os EUA enfrentam o vazamento de petróleo no Golfo do México, que afeta peixes, aves e manguezais (criadouros de espécies marinhas). E a Austrália sofreu recentemente com o vazamento de petróleo de um navio chinês encalhado.

Fonte: Estadão

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