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Aves migratórias que vão se reproduzir na Paraíba correm risco de extinção

6 de maio de 2010
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As aves migratórias como o bigodinho (Sporophila lineola), cab,oclinho-lindo, papa-capim, chorona, coleirinho-mineiro, gaturão, acorda-negro, entre outras, que vão se reproduzir no estado da Paraíba no período chuvoso correm risco de extinção.

O alerta é do ambientalista Aramy Fablicio, que conhece bem essas aves e as observa desde a década de 1970. Segundo ele, a cada ano que passa diminui o número de aves migratórias devido aos predadores humanos que apreendem ou caçam essas aves para comercializar clandestinamente.

Os capturadores de aves estão cada vez com equipamentos mais sofisticados, como gaiolas com oito alçapões, redes que capturam de beija-flor a gavião; o que importa é a quantidade e a biodiversidade de aves capturadas, pois assim se ganha mais dinheiro. O mais preocupante é que essas capturas ocorrem justamente no período da reprodução.

“O alvo dos predadores é a ave bigodinho, por ser uma ave de canto alto e belo e de uma plumagem que chama a atenção. O bigodinho habita campos abertos e se alimenta de sementes de capim. Geralmente vem da região do pantanal para se alimentar e se reproduzir aqui no estado da Paraíba. Ele demarca seu território onde faz o ninho, por isso se torna presa fácil para os predadores humanos.

Quando capturadas, as aves são vendidas para compradores das cidades e até exportadas para outros países. Para conseguir capturar as aves, os predadores aliciam moradores da zona rural em troca de alguns reais. Alguns jovens deixam até de estudar para capturar animais por ver nesse negócio uma forma lucrativa. Na zona rural de Fagundes, os predadores vêm até do vizinho estado de Pernambuco para capturar os animais. Muitos moradores já estão tomando consciência e até já expulsaram os traficantes. O que preocupa é que em outras cidades os moradores não têm essa mesma consciência”, explica o ambientalista Aramy Fablicio.

Os predadores não têm como alvo apenas as aves migratórias, mas também as aves nativas como o quase extinto azulão-nordestino, a pinta-silva, o galo-de-campina, o xexéu-de-bananeira, o graúna, o goladinho , o sabiá, o tico-tico, a guriatã, o periquito-tapacu, entre outras.

Para esse problema ser minimizado, segundo o ambientalista Aramy, “os governos deveriam investir em políticas socioambientais, melhoria na capacitação dos policiais florestais, abrir concurso público com critérios que busquem atrair pessoas que realmente tenham interesse com a causa ambiental. Hoje temos sede do IBAMA e policiais florestais apenas em grandes cidades dos estados, creio que esse trabalho de combate aos crimes ambientais deveria ser descentralizado, em cada município pequeno deveria existir pelo menos uma sede do IBAMA com funcionários para que a população pudesse recorrer em caso de crimes ambientais e melhor fiscalizar.

“Apenas ligar para o 0800 da Linha Verde não resolve, pois hoje não temos pessoas suficientes para fiscalizar. Como melhorar a qualidade de vida no planeta se o homem nem sequer respeita os direitos dos animais”, alega o ambientalista Aramy Fablicio.

Mesmo que tenhamos um bom aparato policial para fiscalizar os crimes ambientais, mas se não houver conscientização da sociedade civil para não comprar os animais selvagens, pouco vai adiantar. Na cidade de Fagundes, muitos já tomaram consciência desse problema através dos projetos do ambientalista Aramy Fablicio. Entre esses projetos destacam-se o Biqueira Velha, que utiliza plaquinhas feita de zinco reaproveitado de biqueiras velhas (calhas). As placas com os dizeres “PROIBIDO CAÇAR E CAPTURAR ANIMAIS” são afixadas nas propriedades com o consentimento dos proprietários.

O sucesso desse projeto é tanto que fez surgir outro denominado de Natureza Livre, que é uma área de soltura de diversos animais na zona rural de Fagundes. Hoje a maioria dos proprietários de terra do município de Fagundes e cidades vizinhas aderiram ao projeto Biqueira Velha, fazendo com que diminua os crimes ambientais na região. São atitudes aparentemente simples, mas de grandes resultados, pois hoje podemos encontrar um grande número de aves e animais silvestres nas áreas onde os proprietários aderiram aos projetos. Esses projetos envolvem reciclagem do zinco, educação ambiental para os donos das propriedades e a população, e preservação da natureza.

“Os meios de comunicações tem grande importância na conscientização da sociedade. Na Paraíba felizmente temos encontrado bastante apoio da mídia para nos ajudar nas causas ambientais através da divulgação de informações e matérias sobre o assunto. As apreensões realizadas pelo IBAMA e outros órgãos ajudam, mas a melhor prevenção é a informação e conscientização da população para não manter animais em cativeiro, nem caçar. As escolas ainda estão longe de cumprir seu papel como agente de conscientização da população, pois pouco se fala em educação ambiental nas salas de aula, imagine agir”, desabafa Aramy.

A caça predatória é outro problema nesse período de migração das aves na Paraíba. A ribaçã que vem do continente africano se reproduzir aqui no Brasil é um exemplo das aves que mais sofre com a caça, outras aves como  marrecas, guiguruis, lagarteiros, Além das aves migratórias temos também as nativas, lambus, Rolinhas, bem-te-vis, sabiás, o Gato Maracajá, o Guaxinim, os Tatus e tantos outros. Todos esses animais sofrem os efeitos da caça predatória no nosso estado e em conseqüência estão quase extintos.

Fonte: Paraíba

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