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Algumas respostas sobre a desativação do abrigo de cães na USP

28 de abril de 2010
5 min. de leitura
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Ana Paula Salla
[email protected]

Diante da imensa quantidade de e-mails recebidos em menos de 24 horas, manifestando-se sobre o problema da desativação do abrigo, temos a obrigação de agradecer a todos pelo carinho e atenção e explicar alguns pontos importantes.

Não temos condições de responder individualmente a cada e-mail, são mais de 900 nesse momento, então registramos aqui nosso agradecimento. Para aqueles que nos enviaram contatos da imprensa ou sugestões, agradecemos também, estamos catalogando todos os contatos e nos movimentando para impedir esse absurdo.

Todos os e-mails estão sendo lidos e a maioria das sugestões serão aproveitadas. Muitos voluntários e amigos têm dúvidas, vamos tentar esclarecer o que sabemos e em que pé está o assunto.

Vamos às respostas prometidas:

1) De quem partiu a ordem de fechar o canil?
Ao que tudo indica, a Coordenadoria do Campus tomou tal iniciativa. Acreditamos nisso, pois a “placa” informando a desativação está na Coordenadoria, sem maiores explicações.

2) Vocês não acham melhor tentar falar com o Reitor primeiro?
Claro! Aliás, temos tentado falar com Reitor, Coordenador, Assessor e com todos os envolvidos no assunto desde que a placa foi colocada. Há cinco anos o Patinhas Online auxilia os cães da USP e nunca fomos convidados a conversar sobre a questão. Nunca encontramos ninguém disponível para nos dar as explicações, embora sejamos bastante insistentes (e segundo alguns, “enchemos o saco”).

Jamais divulgaríamos tal apelo se não tivéssemos ciência de que é o único caminho. Lembrem-se que ao longo desses cinco anos protegemos com unhas e dentes a localização do abrigo, justamente para evitar novos abandonos, e agora fomos forçados a revelar o local. Não faríamos isso à toa.

3) Mas o que será feito com os cães?
Boa pergunta. A assessoria de imprensa da Reitoria divulgou a alguns órgãos de imprensa que há um “projeto” em conjunto com a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia para assumir o abrigo.

4) Ah, mas então tudo bem, os cães ficarão bem!
Tem certeza? Hoje temos 110 cães à espera de lares. Damos à eles muito mais do que alimentação e remédios, damos a eles uma chance de ter um lar, damos carinho, atenção e dedicação. Caso eles sejam recolhidos em outro local, não teremos acesso a eles.

Alguém quer arriscar um palpite do que poderia ser feito com eles? Se esse projeto fosse tão bacana assim e não tivesse efeitos colaterais, por qual motivo seria tão misterioso? Nunca fomos sequer comunicados sobre tal projeto. Fora isso, temos que considerar que o abandono continuaria e possivelmente seria ainda maior. Será que a Faculdade teria condições de ampliar as instalações a cada incremento no número de animais?

Existem outras soluções muito mais práticas, pensem nisso. Sem feiras de adoção, sem projetos de castração popular, sem voluntários, sem mutirão, os animais estariam entregues à própria sorte. Por outro lado, é curioso. Em tantos anos o canil nunca teve qualquer relação com a Faculdade. Esse repentino interesse nos preocupa. E nos preocupa mais ainda uma placa ser colocada do dia para a noite, sem avisar às pessoas que se dedicam a cuidar dos animais e sem a apresentação concreta de um projeto.

5) Então temos que botar a imprensa no meio, denunciar, etc!

Inicialmente, estamos tentando sensibilizar a Reitoria através dos e-mails enviados por vocês. Como dissemos, são cerca de 900 e-mails até o momento, a mobilização não pode parar. E vocês têm que exigir respostas, ou alguém aqui teve seu e-mail respondido? Continuem questionando, nós também precisamos de respostas! Só não queremos respostas vagas, nem ilusórias.

6) Não podemos fazer uma passeata?
E vamos fazer, caso não sejamos atendidos e esclarecidos. Temos que nos organizar e contamos com o apoio de vocês quando isso ocorrer.

7) Então os cães estão abandonados e/ou correndo riscos?
Não estão abandonados porque a Beth, voluntária responsável pelos cuidados com eles, tem ido ao abrigo diariamente. Temos monitorado o abrigo com visitas, também, para garantir que nada seja feito contra os cães. Confiamos no bom senso de todos os envolvidos para evitar qualquer atitude inconsequente por parte da USP, pois diante dos fatos, não seria difícil comprovar qualquer irregularidade que fosse cometida. Seria desnecessário e prejudicial para a Instituição. Contamos com isso.

Pedimos que divulguem esses esclarecimentos a todos os seus contatos que estão cientes do assunto e continuem cobrando as informações da Reitoria. Manteremos a todos informados das novidades, pensem sempre nos animais, não podemos abandoná-los nesse momento.

Importante: não estamos conseguindo atender a todos os telefonemas, pedimos que todos os contatos sejam feitos por e-mail.

Modelo de e-mail
(procure alterar o título do email, ou mesmo o texto)

Destinatários: [email protected], [email protected], [email protected]

Título: Desativação do canil

Conteúdo:
Vossa Magnificência Prof. Dr. João Grandino Rodas.
Tomei ciência da desativação do canil da USP através de uma placa afixada na Coordenadoria do Campus e venho através deste e-mail manifestar minha apreensão com tal desativação.

Trata-se de um projeto bem sucedido, que com a gestão do USP Convive, o apoio dos voluntários do Patinhas Online e o endosso da USP, já conseguiu resolver o problema de mais de dois mil de cães abandonados no campus ao longo dos anos, além dos projetos de conscientização e campanhas educativas de posse responsável.

A extinção do projeto traria inúmeras consequências desagradáveis para a comunidade uspiana e para a sociedade como um todo, como o aumento no número de cães soltos pelas ruas, a transmissão de doenças tanto para outros animais, quanto para pessoas, e, principalmente, uma mancha na reputação dessa conceituada Instituição.

Fora isso, gostaria de saber o que será feito com os cães que vivem lá. Peço que tal decisão seja revista em benefício não apenas dos animais, como também da sociedade.


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