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Diretor de TV põe o próprio cavalo para puxar carroça após acidente

22 de março de 2010
2 min. de leitura
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Por Lilian Regato Garrafa  (da Redação)

Há cerca de um ano e meio, o diretor, roteirista e fotógrafo Estevão Ciavatta, que também é marido da atriz Regina Casé, sofreu um acidente ao cair de seu cavalo. O animal estava com Estevão havia dez anos, sempre disponível, a postos para atender suas necessidades. Certo dia, “ousou” desobedecer ao comando do seu montador. A consequência foi a queda de Estevão, que ontem deu a seguinte declaração a O Globo sobre o ato de seu cavalo:

“Popó era meu há dez anos. Naquele dia, andei um quilômetro, saltei e remontei. Ele quis retornar à cocheira. Quando virei-o para o lado que eu queria ir, ele deu um pinote. Agarrei-me ao pescoço e, ao voltar meu corpo para ficar ereto, ele repetiu o gesto e me jogou lá de cima. Popó estava inquieto porque ficara seis meses sem ser montado. Vendi-o. Ele está pagando. Tinha vida mansa, agora está ralando para burro, puxando carroça. (Risos)

Mais um triste exemplo da finalidade à qual são destinados os animais: o cavalo servira de escravo durante uma década. Nenhum direito lhe era concedido, apenas o dever se manter submisso às ordens de quem o tutelava. Com a liberdade totalmente tolhida, não se permitia a possibilidade ao animal de agir conforme a sua natureza, assim como ocorre com a maioria dos equinos sob responsabilidade humana: ou servem para puxar carroça, ou de montaria, ou como meio para apostas, jogos ou corridas. Não se cogita, por exemplo, que um dia o animal tenha uma dor, uma indisposição, como todo ser humano, vez por outra, também tem. Considera-se o animal uma máquina pronta para trabalhar, com suas próprias vontades e direitos desconsiderados por completo.

Quando o cavalo se rebela por um dia, o que é perfeitamente compreensível (afinal qual escravo não sonhou com a abolição e planejou fugas durante toda sua vida?), seu tutor revela a relação descartável com quem lhe fora fiel por tantos anos: castiga-o, como se o que cometera fosse um crime, e o coloca em situação ainda pior, à mercê de maus-tratos, mais sofrimento ao destinar-lhe a puxar carroça. E ainda por cima faz chacota da situação.

Manifeste sua indignação a O Globo pelo e-mail:  [email protected]

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