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Nove golfinhos são resgatados após encalharem em praia nos Estados Unidos

18 de março de 2010
4 min. de leitura
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Por Giovanna Chinellato (da Redação)

Parecia uma causa perdida. A nadadeira dorsal do golfinho não se mexia, e muitos dos veteranos na equipe de resgate pensaram que o mamífero, atolado na lama, estivesse morto.

Então eles notaram um pequeno movimento de cauda e ouviram o ar passando pela sua narina. Foi aí que decidiram agir, apesar dos 15 metros de lodo que os separavam do golfinho.


Golfinho sendo resgatado (Foto: Steve Haines/ The Boston Globe)


Por dois dias, depois que os moradores descobriram 16 golfinhos presos no lodaçal de Drummer Cove e Lieutenant Island, em Boston, nos Estados Unidos, equipes de resgate da IFAW (em português, Fundo Internacional para o Bem-estar Animal) vestiram suas botas de borracha e roupas secas para tentar chegar até os golfinhos.

É comum golfinhos encalharem no Cape, mas é um mistério, disse Michael Moore, um especialista em pesquisas do Instituto de Oceanografia de Woods Hole, veterano na base de resgate do Yarmouth Port.

“Nós queríamos entender por que eles encalham com tanta frequência”, ele disse. “A maioria é saudável. Então fazemos o que podemos para salvá-los”.

Até o fim do último dia 12, a equipe tinha salvado nove golfinhos encalhados. Quatro morreram antes que pudessem ajudar, e um outro teve de ser sacrificado, pois estava em péssimas condições de saúde. Dois desapareceram, acredita-se que tenham conseguido nadar até o mar sozinhos.

O governo federal autorizou o IFAW a resgatar mamíferos encalhados em Cape Cod e na costa sul de Massachusetts. No ano passado, o grupo batalhou para resgatar 207 golfinhos, e este ano já atendeu a 100 encalhamentos, segundo Katie Moore, diretora do grupo.

Ela disse que ainda não se sabe porque tantos golfinhos ficam encalhados durante a maré baixa, entre janeiro e março. “Quando a maré diminui em Wellfleet, não sobra água”.

Antes da madrugada de quinta-feira, 11, o time havia resgatado seis golfinhos, um processo que levou horas. Cada animal foi coberto com cobertores, molhado com baldes de água, teve o sangue examinado e foi injetado com esteroides e vitaminas antes de ser libertado nas águas profundas de Herring Cove, perto de Provincetown.

A equipe não terminou o trabalho até duas da manhã.

Na manhã do dia 12, com as marés subindo novamente, eles estavam de volta ao Drummer Cove, onde viram outros três golfinhos. Conseguiram resgatar dois deles, mas não o que estava nadando em águas rasas.

Eles carregaram os golfinhos resgatados até a praia e dali para um trailer, onde trabalharam para que recuperassem a saúde e pudessem voltar para a água. Depois usaram macas para carregá-los até Herring Cove e a dupla nadou junta sob o sol de fim de tarde, suas caudas batendo na água tranquila, conforme dirigiam-se para as águas profundas.

Perto das 16h, o time decidiu fazer mais uma tentativa para resgatar o último golfinho, que estava deitado inerte no lodo fundo e gelado.

Quando os membros da equipe de resgate perceberam que ele estava vivo, acabaram atolando na lama, como se fosse areia movediça.

“Agora estamos decidindo o que fazer”, disse Katie Moore, enquanto estava na praia olhando os golfinhos. “É perigoso aqui fora. Nós não queremos ninguém da equipe ferido.”

Após alguns minutos, eles decidiram persistir, e a equipe trouxe placas de madeira para se apoiar enquanto ajudavam o golfinho.

Depois de uma hora, eles haviam cavado um buraco em volta do animal e puxado seu corpo coberto de lama para uma maca vermelha. Estimaram que o animal pesasse 160 kg.

Os oito homens e mulheres, todos cobertos de lama, colocaram o mamífero num cesto revestido de espuma. Lentamente, moveram o cesto e o golfinho até areia firme, e o levaram até o trailer, onde trataram do animal.

“Vocês são os melhores!”, gritou um dos vários espectadores.

Eles tiraram a lama do golfinho, que parecia exausto. Cobriram-no com um cobertor e jogaram baldes de água para que se sentisse mais confortável. Fizeram o exame de sangue e deram medicamentos.

Uma hora depois, decidiram que o golfinho estava forte o suficiente para sobreviver sozinho. Guardaram tudo e foram para Herring Cove com seu passageiro.

“Esse é um golfinho de sorte”, Cady disse.

Com informações de Boston

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