EnglishEspañolPortuguês

Pesquisadora convida defensores de animais a participarem de seu estudo

13 de março de 2010
4 min. de leitura
A-
A+

Katia Okumura Oliveira

[email protected]

Meu nome é Kátia e sou mestranda em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.

O tema do meu projeto é sobre o discurso dos protetores dos animais, até pela minha proximidade com este assunto. Eu mesma sou uma defensora da causa. No momento, estou fazendo uma pesquisa com defensores de todo o país. Meu objetivo é conhecer e analisar seus discursos. Criei também um blog: http://discursodosprotetoresdosanimais.blogspot.com

O link para minha pesquisa é http://www.surveymonkey.com/s/5JGSVCR

Ficaria muito grata se vocês, protetores, também pudessem participar do estudo. Eu vou tornar pública a minha dissertação.

Abaixo, um de meus textos para considerações.

Um abraço,

Kátia Okumura

Animais de estimação. Animais para consumo

Por Kátia Okumura Oliveira*

No prefácio à primeira edição do seu livro Libertação Animal, em 1975, o filósofo australiano Peter Singer chama a atenção para a “tirania de animais humanos sobre animais não-humanos”. Para ele, “a dor e o sofrimento dessa prática são apenas comparáveis aos que resultaram de séculos de violência de seres humanos brancos sobre seres humanos negros. A luta contra ela é tão importante quanto qualquer uma das disputas morais e sociais que vêm sendo travadas em anos recentes.” Trata-se de uma afirmação que abre uma série de discussões entre aqueles que vêem os animais como seres que também têm sentimentos, e que por isso merecem ser respeitados, e os que crêem que os bichos são seres inferiores e que devem servir ao homem. No meio do debate, temos quem defende os animais; mas somente até a próxima refeição.

É fato que condenamos a tortura de alguns animais. Cachorros, gatos, cavalos e animais selvagens, quando vítimas de maus-tratos, podem virar notícia. A sociedade ocidental repudia o hábito de coreanos de comer carne canina. Touradas, rodeios e farra do boi são alvos fáceis de protestos que atraem a atenção dos veículos de comunicação. Já vimos famosas modelos pedindo desculpas por terem eventualmente usado peles ou notas explicativas de diretores de filmes e programas de televisão justificando cenas que utilizaram animais e, ainda, empresas inserindo em seus relatórios anuais a diminuição gradual de experimentos com cobaias, a vivissecção.

Por outro lado, os animais nunca estiveram tão presos às necessidades dos seres humanos. Uma matéria de capa sobre vegetarianismo, publicada em abril de 2002, na revista Superinteressante da editora Abril, mostrava a vaca como um ser onipresente. O texto elenca todos os produtos que incluem animais mortos. São materiais de couro, seda, filmes fotográficos e até extintores de incêndio, que trazem substâncias retiradas dos pés dos bois. O sangue desse animal também é sugado e transformado em tintura, e sua gordura pode ter como fim o pneu do carro que os defensores utilizam para ir às manifestações.

Enfim, de acordo com a matéria é praticamente impossível, mesmo para os vegetarianos, viver sem digerir ou utilizar restos mortais dos bichos, em especial os bovinos. A afirmação é uma apunhalada em muitas pessoas que defendem o direito dos animais, mas que continuam saboreando pratos à base de carne. Ou que utilizam cosméticos testados em cobaias. Ou que aquecem as mãos com luvas de couro.

Singer analisa filosoficamente esse paradoxo em seu manifesto. E propõe, por meio da “Libertação Animal”, um movimento que coloque um fim no preconceito do ser humano em relação às outras espécies. O principal argumento é que os animais não existem para servir aos homens. A superioridade que o ser humano pensa ter em relação aos outros seres é definida pelo filósofo como especismo, termo que compara ao racismo – preconceito aos indivíduos de outras raças – e ao sexismo – a discriminação sexual com as mulheres.

Para o autor, os diversos movimentos de libertação já enfrentaram, e de certa forma superaram, várias batalhas, tais como a Libertação dos Negros, Libertação Gay e, ainda, a discriminação sexual que colocava as mulheres em um nível inferior aos homens. Agora é a hora da luta final, que é o fim do preconceito do homem em relação às outras espécies. Os animais devem ter os mesmos direitos concedidos aos seres humanos, uma vez que também sentem dor – física e psicológica. A crueldade com os animais não pode ser eticamente justificada, o que se constitui numa boa razão para tentarmos reverter as práticas que as perpetuam. A manifestação iniciada pelo filósofo teve grande repercussão no mundo inteiro. Em trinta anos de proliferação dos argumentos em prol dos animais, é possível enumerar conquistas dos quais ativistas se orgulham, mas que ainda estão longe da utopia de Peter Singer, que é a total independência dos bichos. E que há milhões de anos estão atrelados às necessidades dos seres humanos, em todas as escalas da pirâmide criada pelo norte-americano Abraham Maslow, desde as fisiológicas até as relacionadas à estima e à auto-realização.

* Coordenadora de Marketing e Comunicação. Mestranda em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Pós-Graduada em Comunicação Jornalística, pela Cásper Líbero, e em Marketing, pelo Mackenzie. Graduada em Publicidade e Propaganda, também pelo Mackenzie. Experiência na coordenação de estratégias de Marketing e Comunicação. Experiência em pesquisa de mercado, marketing de relacionamento, assessoria de imprensa e campanhas institucionais.

Você viu?

Ir para o topo