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Japão não aceita o atum vermelho como extinto

11 de março de 2010
3 min. de leitura
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O Japão, mundialmente conhecido por seu sashimi, deixou claro nesta quinta-feira (11) que pretende manter-se inflexível diante dos esforços globais para salvar o atum vermelho, espécie ameaçada de extinção. A exemplo do que acontece com as baleias, comerciantes japoneses prometeram ignorar uma proposta de interdição do comércio internacional do peixe. A proposta, apoiada pelos EUA e pela União Europeia, será discutida a partir de sexta-feira (12) em Doha, capital do Qatar, durante a conferência da Cites, órgão da ONU responsável por proteger espécies em extinção, e promete provocar um debate acalorado. Para proibir o comércio internacional do atum vermelho, será preciso angariar o apoio de pelo menos dois terços dos 127 países membros da Cites.

“Compreendo que o objetivo da Cites é proteger as espécies ameaçadas, mas não acredito que o atum vermelho se enquadre nesta categoria” declarou o porta-voz do governo japonês, Hirofumi Hirano.

Segundo dados da Cites, as reservas de atum vermelho no Mediterrâneo e no Atlântico diminuíram em 80% nas últimas quatro décadas.

“Não resta outra escolha a não ser agir agora e propor a proibição do comércio internacional do atum vermelho” declarou o comissário europeu de Meio Ambiente, Janez Potocnik.

Âmbito

A atuação da Cites se restringe às transações que envolvem o comércio internacional, não levando em consideração outros fatores de ameaça, nem mesmo o comércio ilegal dentro das fronteiras dos países. As espécies monitoradas pela Cites são definidas por meio de acordos entre os países membros.

“Uma parte importante da solução que estamos propondo é a adoção de um mecanismo especial para os navios de pesca artesanal” explicou a comissária da Pesca de Portugal, Maria Damanaki. “O nosso objetivo é assegurar um futuro viável para os pescadores, o que exige a existência de uma população saudável de atum. É óbvio para todos que a pesca intensiva e indiscriminada desta espécie não é o caminho a seguir”.

Susan Lieberman, diretora do Pew Environment Group, um centro de pesquisas em Washington, garantiu que, de um modo geral, o foco da próxima conferência da Cites será sobre espécies marinhas, uma vez que as ferramentas atuais de conservação vêm se mostrando incapazes de protegê-las.

Segundo a Organização de Alimentos e Agricultura da ONU (FAO, na sigla em inglês), mais da metade de todas as unidades populacionais de peixes marinhos estão sob ameaça.

“Se as medidas que estamos propondo passarem, isso significa que a comunidade global e os governos do mundo reconhecem que é preciso regulamentar o que estamos tirando do mar” disse Lieberman, que já foi dirigente da delegação americana para a Cites. “Se a proibição não for aprovada, será uma indicação de que a exploração dos oceanos continuará desenfreada e que a comunidade internacional não está disposta a cuidar da saúde do nosso planeta a longo prazo”.

Hisao Masuko, diretor da divisão internacional da Associação de Cooperativas de Atum do Japão, disse temer que uma proibição possa abrir a porta para uma maior regulamentação das outras oito espécies de atum.

“Hoje é o atum vermelho, mas da próxima vez poderá ser o atum-branco ou o atum-amarelo” disse Masuko. “Nós precisamos realmente lutar contra isso”.

O atum vermelho é a maior das várias espécies existentes de atum. Os maiores exemplares, já raros, podem atingir até quatro metros e cerca de 700 quilos.

Fonte: Jornal do Brasil

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