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São Francisco na porta do Céu

22 de fevereiro de 2010
2 min. de leitura
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Ter um animal, dependendo das condições, não é mérito nenhum… 
 

 São Pedro tirou férias e São Francisco o substituiu, por bem conhecer a alma humana. Após alguns dias, no entanto, notou-se que menos pessoas estavam entrando no céu. 

  Um anjo curioso foi ver se descobria porque e ficou a observar São Francisco. 
    
    O próximo da fila era um homem bem apessoado, de aparência até nobre. Qual não foi o espanto do anjo quando viu que, enquanto o homem se aproximava de São Francisco, pulou no colo do Santo um belo pastor alemão.

    – Feroz, aí está o seu antigo senhor. O que me dizes? – perguntou o Santo ao cão.

     – São Francisco, ele me deixou preso a uma corrente minha vida inteira, fizesse sol ou chuva, e me chutava e me batia todo o tempo. Até que um dia não resisti e estou aqui!

        Ao homem, São Francisco fechou as portas do céu.
 
         Então, foi a vez de uma senhora de aparência bondosa. No colo do Santo, uma gata persa que disse:

         – São Francisco, ela me mostrava aos amigos que chegavam e passeava comigo no shopping. Mas em casa, me esquecia num canto e viajava sem me deixar água ou comida suficiente. Quando adoeci, sem ao menos tentar me salvar, ela mandou me sacrificar e comprou outro pobre animal.

         São Francisco também lhe fechou as portas do céu.
 
         Chegou então uma jovem. Uma gatinha novinha logo pulou no colo do santo.
       
         A jovem disse assustada:

         – Mas nunca tive filhotes! Somente um gato macho que ainda vive! 

         A gatinha miou baixinho:

        – Eu sou um dos filhotinhos que seu gato gerou na rua e que, bandonados, desnutridos, morreram doentes poucos dias depois de nascidos. Tudo porque você não queria castrá-lo nem deixá-lo em casa.

         Essa jovem também não entrou no céu.
 
         Finalmente, chegou a vez de um senhor idoso. Mas, quando ele chegou a São Francisco, nenhum animal apareceu. O Santo perguntou:

         Nunca tiveste um bicho de estimação?

         O senhor respondeu:

         – Não! Porque não quis animais de estimação.

         Verificadas outras pendências, São Francisco abriu as portas do céu para o homem.
 
          O anjo, surpreso, perguntou:

          – Mas ele desgostava tanto dos bichos que nem os tinha! 
 
         São Francisco respondeu:

       – Não ter bichos não é pecado. Os homens que dizem gostar e os têm e os tratam mal, como se fossem bibelôs ou brinquedos, se esquecem que seus animais de estimação não são suas criaturas, mas criaturas de Deus aos homens confiadas para alegrar suas vidas. Esses sim, prestarão contas de como cuidaram dos animais sob sua responsabilidade.
 

Com carinho e respeito
Dea Colucci

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