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Cão interrompe partida de futebol e vira símbolo de time do RS

6 de fevereiro de 2010
2 min. de leitura
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Por Ana Cardilho
em colaboração para a ANDA

Uns o conhecem por Pelotinha. Há quem o chame apenas de Vira-lata. Para o técnico do Pelotas, Beto Almeida, ele é um amuleto do grupo que garantiu lugar na primeira divisão do Gauchão em 2010. Celebrizado depois de entrar em campo, na quarta-feira, no jogo diante do Riograndense, um cachorro sem raça definida virou símbolo e recebeu um novo nome.

Uns me chamam de Vira-lata. Outros de Pelotinha. Eu adoro uma bola, uma corrida e um “olé!”.

Quando ouço a criançada brincando de futebol na rua ou num campinho, meus pelos se eriçam, minhas orelhas se levantam, alguma coisa bate forte no meu coração, começo a salivar e não posso controlar minhas quatro patas. Tenho fome de bola e, quando domino uma, daí não tem pra ninguém!

Pois outro dia, não é que ganhei outro nome e virei herói? Agora me chamam de Lobo ou Lobão.

Eu batia patas por perto do Estádio da Boca do Lobo. Dia de jogo: Pelotas versus Riograndense. Ouvi aquela gritaria típica de partida de futebol, senti o cheiro da bola no gramado e de repente senti uma energia animal! Cavei por baixo de um portão e ganhei o gramado. No campo, comecei a seguir o auxiliar Carlos Selbach, entre a linha divisória e a linha de fundo. Eu latia perguntando pra ele: “E a bola, amigo? Cadê a bola?” Mas, nada. Selbach não me entendia. Daí pensei, não saio deste campo de boca vazia. Se não tem bola, vai essa bandeirinha mesmo. Nem foi preciso muito esforço: uma mordida rápida e ela estava entre meus dentes. E aí foi lindo, só drible, só “olé”. A torcida delirava, me aplaudia e eu me diverti muito. Tudo bem, não era a bola, não pude mostrar meus talentos e quem sabe até marcar um gol. Mas ganhei a cena.

Conclusão: virei mascote do Riograndense. Agora é vida mansa: repórteres querendo me ouvir latir, cinegrafistas e fotógrafos buscando meu olhar mais interessante e os torcedores querem tirar foto comigo, me dão ossinhos e eu sou paparicado.

Anote aí: cachorro pata quente! Sou eu, Lobão, o bão!


Ana Cardilho é escritora e jornalista. Com um olho na realidade e outro na prosa imaginária conta com mais de 20 anos de experiência em rádio e TV, tendo feito reportagens, edição e fechamento de telejornais e programas, e é ficcionista.

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