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Macaco bonobo "nunca vira adulto", diz bióloga

3 de fevereiro de 2010
2 min. de leitura
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São famosas as fotos de bonobos, uma espécie de macaco de índole pacífica, fazendo sexo em várias posições – coisa que eles praticam mesmo sem fins reprodutivos, apenas para criar laços afetivos. Um novo estudo tenta explicar por que esses animais altamente sociáveis, apelidados de “macacos hippies”, são tão dóceis, ao contrário dos seus primos, os chimpanzés, mais agressivos. A ideia é que, de certo modo, os bonobos nunca se tornam adultos.

Foto: Reprodução/Primeira Edição
Quem propõe a hipótese é Victoria Wobber, especialista em comportamento animal da Universidade Harvard, dos EUA. Em geral, a infância dos primatas tem como característica o gosto por brincadeiras e diversão. Conforme crescem, animais como o chimpanzé se tornam menos sociais, mais individualistas, mesquinhos e agressivos. Wobber levantou a hipótese de que talvez bonobos nunca chegassem a essa fase. 

Em um dos experimentos, juntou então 30 chimpanzés e 24 bonobos que vivem em reservas na África. Fez pares de animais da mesma espécie e deu pedaços de banana para um deles. Bonobos costumavam compartilhar a comida recebida, independentemente da idade. Chimpanzés jovens dividiam a banana, mas adultos ignoravam essa possibilidade. 

Evoluções

Em estudo na revista Current Biology, Wobber explica que não é porque os chimpanzés são menos amigáveis que eles são “menos evoluídos” que os bonobos. E, do mesmo jeito, os bonobos não são inferiores aos chimpanzés porque eles retêm características da infância. 

Trata-se de maneiras diferentes de se adaptar a situações diferentes. As espécies se separaram há cerca de 2 milhões de anos, passando a ocupar áreas distintas. Ancestrais dos bonobos ficaram fora de regiões exploradas por gorilas, onde acabava sobrando mais comida. 

Nesse cenário, “reter os traços juvenis foi largamente vantajoso, pois era algo associado à redução da agressão nos grupos de bonobos”, explica Wobber. Os chimpanzés, enquanto isso, precisaram se manter agressivos e egoístas, pois, num ambiente menos abastado, isso lhes garantia mais alimento.

Por uma menor agressividade, os bonobos “optaram” por prolongar características da infância. Com isso, outros comportamentos típicos dessa fase podem ter vindo junto, ainda que não fossem uma adaptação ao ambiente, diz Wobber. 

Humanos

Para os cientistas, como chimpanzés e bonobos são “primos” próximos da espécie humana, as descobertas podem ajudar a entender as origens do comportamento das pessoas. Bonobos são especialmente parecidos com humanos: pessoas também são sociáveis e gostam de sexo em várias posições. Mas existem diferenças. Pessoas também podem ser muito agressivas e mesquinhas.

Por isso, como a psicologia humana tem suas particularidades, paralelos entre a evolução de comportamentos em bonobos e em humanos ainda não podem ser muito bem estabelecidos no que se refere ao prolongamento da infância. Mas isso não intimida os biólogos. “O próximo passo que vamos dar é fazer comparações diretas com humanos”, diz Wobber. 

Fonte: Primeira Edição

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