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Extermínio de cães revela o descaso do CCZ de Governador Valadares

1 de fevereiro de 2010
4 min. de leitura
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Por Lilian Regato Garrafa   (da Redação)

Mais uma denúncia de descaso e crueldade está indignando não só protetores de animais, como a sociedade. O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Governador Valadares (MG) continua com a prática arcaica, violenta e totalmente desnecessária de exterminar os cães que recolhe das ruas.

Ao contrário do que se afirma, tal prática não pode ser denominada eutanásia, uma vez que os animais assassinados são saudáveis e podem ter a chance de encontrar novos lares e ser adotados.

A denúncia foi feita por Márcia Cristina Almeida de Oliveira, cidadã valadarense, que resolveu fazer uma campanha para adoção de cães, pois o CCZ, por conta de um surto de leishmaniose que teve início em 2008, começou a recolher indiscriminadamente os cães da cidade. Essa “caça aos cães” ainda está sendo feita, sem distinção: os agentes de saúde vão à casa de cidadãos, recolhem sangue de seus cães e, após certo tempo, esses mesmos agentes, que não são veterinários, retornam com um resultado de exame positivo e recolhem os cães.

Como provar qual exame de qual cão deu positivo? Segundo Anderson Ferreira De Mello, morador da cidade que esteve no CCZ, a “identificação do animal” na etiqueta do frasco de sangue é feita como neste exemplo: “cão preto, de pequeno porte e peludo”. Quantos cães têm essas mesmas características? Seria impossível distinguir os cães doentes dos saudáveis.

Tutores que levaram seus cães a clínicas particulares tiveram resultado negativo no exame para leishmaniose – os mesmos atestados pelo CCZ como positivos. O CCZ não aceita que tais exames sejam válidos. Por isso, como essa parcela da população não permitiu que seus cães fossem levados, foi concedido um mandado de busca e apreensão pelo CCZ, e muitos cães cujos exames deram negativo na iniciativa privada foram retirados de seus lares, com intervenção policial, diante do clamor e do desespero de seus tutores, que nada puderam fazer. Foram sacrificados assim mesmo.

Márcia afirma que as condições do CCZ são muito precárias, sem higiene, com mau cheiro, muitos mosquitos, inclusive o mosquito-palha, que transmite a leishmaniose.

Anderson teve acesso às instalações e relatou que os cães são vacinados contra raiva apenas quando são escolhidos pelo adotante e não quando chegam ao CCZ. Observou animais serem conduzidos com violência, por meio de paus, “para que não tivessem contato com os funcionários”. Também presenciou cães e gatos mortos sendo arrastados e jogados em um caminhão.

O último extermínio ocorreu no dia 27 de janeiro e foi registrado:

Imagem final do holocausto no CCZ de Governador Valadares. Foto: Anderson Ferreira De Mello

Mais uma imagem denuncia o desprezo em relação aos animais que nessa instituição chegam:

Um cão agonizando ao lado de outro saudável. Nenhum socorro, nenhuma assistência. Foto: Anderson Ferreira De Mello

É triste e repugnante notar que, apesar de tantas soluções possíveis para o caso, a administração pública opte pelo que considera mais prático e econômico, sem levar em conta o direito à vida que estes animais possuem, que lhes é legítimo.

Nem mesmo os filhote foram poupados do extermínio. Tiveram suas vidas ceifadas no dia 27 de janeiro.
Filhotes expostos às péssimas condições no CCZ. Foto: Anderson Ferreira De Mello

A Prefeitura de Governador Valadares deve se pautar no exemplo de outras que já aboliram os maus-tratos e assassinatos em seus Centros de Zoonoses. Os protetores de animais já fazem mais do que deveriam ao, voluntariamente, recolher e procurar lares para cães abandonados – tarefa que deveria caber integralmente à Prefeitura. Castração em massa é a medida principal a ser tomada. O que não pode continuar acontecendo é esse ato injustificável de matar animais. À população, cabe continuar denunciando e exigindo providências de quem tem o poder.

Se você tiver mais informações e quiser denunciar, clique aqui. A denúncia pode ser feita por qualquer cidadão. Basta pedir confidencialidade que o procurador representará a ação e não quem fez a denúncia.

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