EnglishEspañolPortuguês

Projeto busca reunir as características genéticas dos pássaros em um só banco de dados

26 de janeiro de 2010
3 min. de leitura
A-
A+

Conhecer as características genéticas de todos os pássaros do mundo e mantê-las em um banco de dados disponível para cientistas. A ideia pode parecer ambiciosa, mas está sendo posta em prática por meio do projeto All Birds Barcoding Initiative (ABBI) que pretende montar um arquivo com as 10 mil espécies de aves conhecidas. Segundo o coordenador da iniciativa, o pesquisador do Museu Argentino de Ciências Naturais, Pablo Tubaro, o feito se torna possível com o uso da tecnologia de códigos de barra de DNA dos animais.

A identificação das espécies encontradas no país de Tubaro é uma das mais adiantadas. Segundo ele, já foi detectado o código genético de 70% das aves argentinas, o que representa cerca de 700 espécies. O levantamento — feito com a ajuda de um centro de estudos no Canadá — acaba ajudando no reconhecimento dos pássaros de outros países. O especialista explica que aproximadamente 94% das aves encontradas na Argentina também estão presentes no Sul do Brasil. O país compartilha também 52% de suas espécies com a Bolívia. Da mesma forma, 99% das aves presentes no Uruguai também se encontram na Argentina.

“Os códigos de barra são importantes pois permitem identificar espécies com rapidez e a custos mais baixos. São eficazes em determinadas situações, quando os tradicionais métodos de taxonomia não são suficientes”, destaca Tubaro em entrevista ao Correio. Ele ressalta ainda que a boa qualidade das identificações também permite que os dados tenham aplicações que vão desde as investigações forenses até estudos da biologia evolucionista.

A ideia do código de barras de DNA foi proposta em 2003 pelo cientista Paul Hebert, da Universidade de Guelph, no Canadá. “Um ano mais tarde, ele criou o consórcio para o Código de Barras da Vida, uma maneira de reunir museus, institutos, universidades e laboratórios com o objetivo de promover a técnica e estabelecer seus padrões”, diz. O especialista conta que atualmente está sendo implementado o mesmo consórcio, porém em todo o mundo. “Além da Argentina, participam dessa empreitada países como Brasil, Colômbia, México e Panamá”, esclarece.

Peixes

A técnica empregada com sucesso no mapeamento de aves também se mostrou eficaz no caso dos peixes. Ao todo, já foram codificados 904 tipos de peixe na América Latina. Por meio desse método, segundo especialistas que participam do projeto, foi possível analisar as toxinas presentes na espécie mais conhecida como baiacu, pertencente à ordem dos tetraodontiformes. Tubarões encontrados no território australiano também foram identificados por intermédio das características obtidas a partir das barbatanas. Conforme o especialista canadense Robert Hanner, o Canadian Centre for DNA Barcoding (CCDB) foi criado para ser uma referência de quantidade e qualidade desse sequenciamento.

Metodologias e critérios padronizados de coleta de informações e produção de dados, conforme Hanner, devem ser sempre levados em consideração. “Realizamos o sequenciamento de 95% dos peixes de água doce do Canadá e 98% dos peixes ornamentais comercializados para aquários”, destaca. De acordo com o responsável pelo estudo, também foram detectadas espécies idênticas que haviam recebido nomes diferentes quando foram registradas anteriormente. Na opinião dele, o Brasil oferece uma enorme riqueza de espécies para a realização desse tipo de mapeamento.

1 – Dupla hélice

DNA é a sigla em inglês para ácido desoxirribonucleico, molécula formada por duas cadeias na forma de uma dupla hélice. Essas cadeias são constituídas de um açúcar chamado desoxirribose, um grupo fosfato e quatro bases nitrogenadas, chamadas T (timina), A (adenina), C (citosina) e G (guanina). O DNA é um conjunto de substâncias químicas das quais são feitos os genes dos seres vivos. Isso se verifica pelo fato de essas moléculas estarem envolvidas na transmissão dos caracteres hereditários, além da produção de proteínas.

Fonte: Correio Braziliense

Você viu?

Ir para o topo