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A decisão de adotar um animal requer responsabilidade e consciência

19 de janeiro de 2010
2 min. de leitura
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Por Jaime Leitão,
do Jornal Cidade de Rio Claro

Nunca as pessoas adotaram tantos cães como nos dias de hoje. E os motivos são vários: solidão, vontade de adotar um cão de uma raça que está na moda, amor genuíno por esses animais. O problema é que, excluindo os que nutrem amor pelos cães, há muitos indivíduos que adotam um cão empolgados e que nos primeiros meses já desanimam e abandonam o seu animal de estimação na rua ou mesmo em casa. Vão no embalo, sem a mínima noção do que significa cuidar de um cão.

Pesquisa realizada por entidades voltadas para a proteção de animais concluiu que o abandono de cães dobra no verão. Muita gente sai de férias, vai para a praia e não assume gastos com alguém que possa tratar do cão diariamente na própria casa ou colocando-o em uma clínica ou hotel de cães no período em que estiver fora.

E há ainda aqueles que simplesmente abandonam os cães no quintal, sem comida e sem água, num ato de crueldade terrível. Não é raro, principalmente nesse período do ano, os vizinhos ouvirem o lamento dos cães por falta de comida e se desdobrarem para alimentá-los. Muitos ficam acorrentados. Querem cão de guarda, mas não guardam o cão, tratando-o com total desleixo.

A população canina só aumenta enquanto a população de crianças diminui na mesma medida. Esse é um fenômeno que precisa ser acompanhado de responsabilidade. Alguns países desenvolvidos, além de exigir o registro do cão adotado em nome do tutor, ministram cursos para que ele aprenda a lidar com o animal.

Muitos tutores não passeiam com seus cães, levando-os a desenvolver precocemente obesidade e outros males ligados ao sedentarismo. Não só as pessoas sofrem com o sedentarismo, os cães também são vítimas dele e do estresse.

Quem mora sozinho e trabalha o dia todo, só chegando em casa à noite, precisa arrumar um horário para interagir com o animal que ele diz para os amigos amar tanto, exibindo fotos dele, mas tratando-o com desprezo, alegando falta de tempo.

A moda, seja qual for, induz a comportamentos automáticos, sem reflexão, com consequências desastrosas. Ter cão de determinada raça faz parte desse modo de agir. Mas, antes de adotá-lo, cabe fazer a pergunta: “ Será que terei tempo de cuidar bem dele ou o abandonarei na primeira dificuldade?” Que cada um responda de acordo com a sua consciência.

E os cães de apartamento? Há quem crie um Labrador e outros cães de porte em um espaço exíguo. Cães grandes precisam de muito espaço, querem correr, caçar, viver a liberdade que lhes foi arrancada por alguém que pensou só em si, não no seu animal de estimação. Estimação? A palavra não seria bem essa. Talvez animal de exploração caia melhor.

(O autor é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação. [email protected])

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