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Migração de andorinhas do Ártico equivale a três viagens à Lua

11 de janeiro de 2010
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As andorinhas-do-mar-árticas podem voar mais de 80 mil quilômetros por ano, o que equivale a três viagens de ida e volta à Lua durante a vida dessa ave, segundo um estudo divulgado na segunda-feira, que revê estimativas sobre o recorde das migrações de aves marinhas.

Pequenos dispositivos de monitoramento acoplados a 11 andorinhas-do-mar-árticas que procriavam na Groenlândia e Islândia mostraram que elas voam uma rota muito mais tortuosa do que se pensava na sua jornada anual até a Antártida e de volta ao Ártico, segundo a equipe internacional de cientistas responsável pelo artigo na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos EUA.

Já se sabia que essas aves (Sterna paradisaea) realizavam a maior migração entre os seres vivos, mas os resultados do estudo surpreenderam. Em média, cada ave voou 70,9 mil quilômetros num ano, sendo que uma delas cravou 81,6 mil. A estimativa anterior era de 40 mil quilômetros por ano.

Como cada andorinha-do-mar-ártica vive até 34 anos, as migrações podem somar 2,4 milhões de quilômetros por indivíduo. Isso basta para ir e voltar três vezes à Lua, ou para dar 60 voltas na Terra.

“Esse é um feito impressionante para uma ave de pouco mais de 100 gramas,” disse Carsten Egevang, do Instituto de Recursos Naturais da Groenlândia e principal autor do estudo, que reuniu também especialistas da Dinamarca, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Islândia.

“Rastrear as andorinhas-do-mar-árticas (…) revela a mais longa migração anual”, escreveram os cientistas. Outras aves, como albatrozes ou pardelas-pretas, também realizam enormes migrações.

As andorinhas-do-mar-árticas procriam em torno do Ártico, da Islândia ao Alasca. Para poderem explorar a abundância de alimentos – como krill, uma espécie de camarão – que existe no verão nas duas regiões polares, elas precisam atravessar o planeta a cada seis meses.

Egevang disse que uma surpresa foi a pausa de cerca de um mês que as aves fazem em agosto para armazenar alimentos no Atlântico, antes de seguirem para o sul. Alguns animais então voam junto da costa da África; outros seguem perto da América do Sul.

Voltando ao norte, em abril e maio, as aves fazem um longo “S” pelo Atlântico, aparentemente aproveitando as correntes de vento para poupar energia. Os voos da Antártida para a Groenlândia levam cerca de 40 dias, com uma média de 520 quilômetros por dia.

Os pequenos geolocalizadores de 1,4 grama, presos às patas das aves, registraram diariamente a posição de cada animal. Os dados foram recolhidos quando as aves foram apanhadas, na volta ao seu local de procriação no Ártico.

O Departamento Britânico de Pesquisa Antártica, que desenvolveu os geolocalizadores, disse que os dispositivos podem ajudar a monitorar aves ainda maiores, além de contribuírem com a localização de “hotspots” biológicos – como a região do Atlântico ao norte dos Açores onde as andorinhas-do-mar-árticas param para se alimentar.

Fonte: O Globo

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