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Gato é salvo de banho de 90º em máquina de lavar roupa

6 de janeiro de 2010
4 min. de leitura
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Por Ana Cardilho
em colaboração para a ANDA

Um gato foi resgatado em Hannover, na Alemanha, de dentro de uma máquina de lavar roupa no momento em que a máquina estava com o ciclo de lavagem com água quente, segundo reportagem do jornal “Hannoversche Allgemeine”. De acordo com os bombeiros, o felino entrou na máquina de lavar e passou a noite lá após a tutora ter colocado as roupas no eletrodoméstico.

 
Puxa! Essa foi por pouco! Faz tempo eu vinha namorando a ideia de entrar naquela máquina que minha tutora usa para lavar a roupa. Desde que a geringonça chegou aqui em casa, ela me atrai. Não fossem o barulho que ela faz e o fato de ela andar pelo quintal, como se fosse um robô gigante, eu já teria ido lá para dentro tirar uma soneca.

Você sabe, gatos adoram se enfiar em lugares misteriosos, desbravar armários, caixas, sacolas, e aquela máquina era bem interessante. Sem falar no cheirinho bom que saía dela depois que minha tutora tirava as roupas úmidas.

Comecei a investigar o terreno. Estava sempre passeando sobre ela, capturando os aromas e era um bom lugar para usar como apoio quando eu fazia meus números artísticos de saltos felinos.

Até que num fim de tarde, a revelação! Minha tutora havia se esquecido de baixar a tampa e a máquina estava ali, inteirinha para mim. Primeiro me aproximei dela como se não a estivesse nem vendo. Nós gatos somos assim. Não demonstramos, logo de cara, o que desejamos. Não damos a mesma bandeira que os cachorros, entende? Nós somos seres superiores e não é que eu estivesse interessado em entrar na máquina que minha tutora largou aberta. Não, nada disso. Era a máquina que desejava, intensamente, que eu lhe desse o prazer de sentir minhas patinhas macias e meu pelo sedoso. Fiquei por ali, um tempinho. Dei-me um bom banho com minhas poderosas lambidas, fiz de conta que cochilava e, quando tive certeza de que não havia ninguém por perto, zapt! Entrei na máquina…

Bom… Ali era muito bom. Arranhei o fundo e acho que ele era de fibra. No fundo da máquina havia um cheiro delicioso de limpeza. Alguma coisa com tons de camomila. Acho que minha tutora devia usar produtos com esse tipo de erva e você sabe, camomila acalma. Fui me acalmando, fui me embriagando de camomila e dormi.

Assim, fiquei a noite toda. Nesse estado de sono muito agradável. Pela manhã, até senti que umas roupas caiam na minha cabeça, sobre o meu corpo mas nem liguei. Ali estava confortável e não era hora de acordar.

Até que o fundo da máquina começou a trepidar e antes que eu pudesse pular ou miar o trambolho começou a se encher de água. Foi tão rápido! Boiei com as roupas e consegui respirar mas lá vinha mais água e era água quente! Cada vez mais quente. O que eu podia fazer? A tampa da máquina estava fechada e eu não tinha forças e nem apoio para um salto daqueles. Comecei a me debater contra as paredes dela, miava, arranhava, eu estava desesperado. Algo me dizia que, se eu não conseguisse chamar a atenção, seria meu fim. Só pensava que minhas sete vidas não seriam suficientes se  aquele barulho e aquela trepidação aumentassem e se a temperatura da água fosse maior. Pulei tanto, me debati tanto e miei tanto que alguém ouviu. Santa tutora! Assustada, ela chamou os bombeiros. Deve ter achado que a máquina estava prestes a explodir. Eles vieram, abriram a lavadora e lá estava euzinho… Molhado até os ossos, com muito medo e jurando que nunca mais entraria na máquina de lavar.

Agora estou bem. Não passo nem perto da máquina assassina. Ela morreu para mim. Agora, tenho outros interesses. Acabou de chegar um novo possível esconderijo. Uma máquina de secar e pelo que eu pude concluir depois das minhas investigações: nessa não entra água! Vou tentar uma soneca qualquer dia…


Ana Cardilho é escritora e jornalista. Com um olho na realidade e outro na prosa imaginária conta com mais de 20 anos de experiência em rádio e TV, tendo feito reportagens, edição e fechamento de telejornais e programas, e é ficcionista.

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