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Pesquisador reúne décadas de observação de aves aquáticas em livro

27 de dezembro de 2009
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Há 20 anos, Theodore Cross viajou por 16 fusos horários, de Nova York até Moscou, Irkutsk e Yakutsk, e finalmente para a tundra do Delta do Kolyma, no nordeste da Sibéria, para observar um pássaro do Ártico, a gaivota. Cross chegou a ver uma ave, mas seu ninho estava tomado por uma ave de rapina antes que ele pudesse voltar com sua teleobjetiva. A viagem foi um fracasso.

Duas semanas depois, algo inesperado aconteceu: a gaivota apareceu em Baltimore. Milhares de observadores de pássaros convergiram para o local para a rara aparição.

“Dizem que aquele foi um pássaro que atraiu 20 mil binóculos”, disse Cross.

Sua obra de 344 páginas, Waterbirds (W.W. Norton & Company), é em parte uma enciclopédia visual, em parte memórias de quase um século de buscas para observar pássaros. Em retratos de aves, como pequeninos maçaricos-das-rochas e a aguja colipinta, e em histórias pessoais sobre suas aventuras, Cross, de 85 anos, descreve como passou a primeira metade de sua vida ignorando os pássaros, para depois se tornar um dos mais ardentes defensores e fotógrafos na segunda metade da vida. Agora, como escreve ele, “as memórias dos pássaros me ajudam a aceitar a brevidade do tempo que me resta”.

Entre suas aves favoritas está a colhereira, que foi caçada intensamente até quase sua extinção, há um século, devido a suas plumas cor de rosa para adornar chapéus femininos, mas que agora está se recuperando.

O pássaro de cauda vermelha da Ilha Christmas é conhecido por suas acrobacias. No meio do dia, disse Cross, “eles voam e fazem piruetas incríveis, cambalhotas que produzem um som ensurdecedor”.

Essa ave voa 11 mil quilômetros todos os anos do Alasca até a Nova Zelândia, sem comida, água ou descanso, no que Cross chama de “um dos milagres da natureza”. O maçarico-das-rochas semi-palmado é tão pequeno que cabe em uma xícara de chá; eles migram entre a América do Sul e o Ártico, “através de tempestades e furacões, sobre montanhas e oceanos”.

“Os pássaros se parecem muito com as pessoas em alguns aspectos”, disse Cross. “A garçota avermelhada finge que deixa o ninho, do mesmo jeito que os humanos às vezes fingem ter perdido o interesse no parceiro. Mas, é claro, depois eles voltam”.

A andorinha-do-mar é incrivelmente amigável. “Se você visitar qualquer ilha no sul do Pacífico”, disse ele, “uma dúzia ou mais desses pássaros vão aparecer para te cumprimentar”.

Cross espera algum dia poder captar a imagem perfeita, que ele descreve como “duas garçotas avermelhadas em fazendo a corte, com suas penas fantásticas e reluzentes apontadas para o céu”.

Fonte: Folha Online

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