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Relato de um “herói” que salvou animais da tragédia

21 de dezembro de 2009
2 min. de leitura
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A relação de amor entre os animais e o homem começou entre 25 mil e 50 mil anos atrás. Porém, no início, esta relação era de necessidade: cães vigiavam aldeias, ajudavam a caçar e pastorear; enquanto gatos exterminavam ratos e outras pragas. O primeiro indício de emoção data de 12 mil anos: foram encontrados restos fossilizados de uma mulher abraçada a um filhote de cão, no Oriente Médio. Até onde você iria para salvar animais em perigo? O analista de sistemas Egon Budag, 57 anos, sabe bem a resposta: até o fim, literalmente. Ele foi a última pessoa a deixar o Alto do Morro do Baú, em Ilhota, durante as enchentes e desmoronamentos ocorridos no Vale do Itajaí, em novembro do ano passado.

Os moradores foram retirados do morro tão logo a situação começou a piorar na região. Muitas saíram às pressas, deixando seus animais para trás. Porcos, galinhas, cavalos, vacas e bezerros que não conseguiram sair e morreram soterrados. Os cães corriam assustados, no meio do barro.

Egon recorda que nos primeiros dias da tragédia não houve problemas com comida para os cães que perambulavam por lá, pois os freezers da vizinhança (já recolhida aos abrigos) estavam cheios de comida. Todos os dias Egon passava nas casas e pegava o que havia descongelado para alimentar os novos amigos.

“Os dias que se seguiram às chuvas foram especiais, nunca tínhamos vivido algo assim. Na terça de manhã, minha mulher, meu filho e minha nora foram resgatados por um helicóptero militar. Eu fiquei para cuidar da bicharada”, conta.

A ordem da Defesa Civil era resgatar todas as pessoas. Ninguém mais poderia permanecer no Alto do Morro do Baú, por ser uma área de risco. O resgate terminou na quarta-feira ao meio-dia, mas o analista de sistemas decidiu ficar na região para cuidar dos animais.

“Passei a primeira noite totalmente isolado, mas muito bem acompanhado pelos bichinhos.”

No dia seguinte chegaram os bombeiros para o resgate de corpos. Egon lhes deu alojamento e comida. Na sexta-feira veio a ordem para todos abandonarem o lugar, por causa de uma previsão muito tenebrosa de chuva. O analista conseguiu se desvencilhar dos soldados e permaneceu lá. Os animais não podiam ficar desamparados. No sábado, o morro ao lado da propriedade de Egon desabou, e ele teve que tomar uma decisão muito difícil já que não parava de chover: pediu para a Defesa Civil o resgatar.

“Estas horas foram para mim os momentos de maior desespero em toda a minha vida. Tive que abandonar os animais. Providenciei uma gaiola para guardar os cachorrinhos e às 16h15 o helicóptero chegou. O soldado veio me buscar e mostrei a gaiola onde estavam os cinco cães. Disse que só embarcaria com eles. Depois de consultar o capitão, ele deixou levá-los. Aquele momento foi para mim o de maior alegria no meio de toda aquela tragédia. Um momento abençoado.”

Fonte: Diário Catarinense

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