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Aves migratórias em rota de colisão

17 de dezembro de 2009
2 min. de leitura
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Pousado sobre um galho de uma árvore em um parque de Moscou, na Rússia, pássaro colorido se arrepia com o vento gelado. Foto: Natalia Kolesnikova/AFP
Pousado sobre um galho de uma árvore em um parque de Moscou, na Rússia, pássaro colorido se arrepia com o vento gelado. Foto: Natalia Kolesnikova/AFP

Um pouco tardiamente, culpa talvez das mudanças climáticas (“as maluquices do tempo”, como diziam nossos avós), as andorinhas acabam de chegar ao Cone Sul da América, e já estão devorando a insetaiada emergente desse verão vacilante.

Junto com as andorinhas, mas chegados de caminhão, também já estão nas ruas sulinas os nordestinos vendedores de redes e colchas, mais um sinal de que o verão tarda mas não falha nesse nosso planetinha em crise.

As andorinhas não cobram nada pelo seu serviço de eliminação de insetos e os vendedores de redes seguem vendendo barato suas mercadorias. Antes somente a classe média comprava deles, agora são mulheres da periferia que levam para casa seus tecidos de algodão sem transgenia.

As coisas mudam lentamente e a natureza segue seus ciclos infindáveis, enquanto os homens (e as mulheres) continuam dando a impressão de estar perdidos entre a missão e o sonho. Entre chuvas e trovoadas, é forte o risco de trombadas.

Os ministros do meio ambiente voaram para Kopenhagen, onde são poucas as andorinhas e muitos os falcões.

De todas as aves de arribação que lá pousaram, a mais impressionante foi a senadora tocantinense Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura.

No Brasil Kátia Breu chefia a campanha pelo desmanche da legislação ambiental, mas em Kopenhagen ela se travestiu de preservacionista radical. Com raro oportunismo,  disse em palestra que são absolutamente justas e inadiáveis as recompensas econômicas por serviços ambientais dos agricultores brasileiros, uma vez que eles deixarão de produzir para preservar o meio ambiente.

Segundo ela, porém, a floresta não deve ser vista como pulmão porque ela sequestra CO2 em quantidades bem menores que algumas plantações agrícolas, por exemplo. “Na floresta, as árvores já estão crescidas, enquanto nas plantações de cana-de-açúcar e algumas pastagens, que são renovadas todos os anos, as plantas estão crescendo e sequestrando CO2 quase que permanentemente”, afirmou ela, antes de apresentar a síntese que faltava: “A agricultura e o meio ambiente não podem ser vistos separadamente”.

Nisso Kátia tem razão. Na real, o agro e o ambiente deviam ser vistos como uma coisa só.  Esperemos que, de volta ao Brasil, ela não se esqueça do que disse em Kopenhagen. Infelizmente o planeta está cheio de aves migratórias que gorjeiam uma coisa lá e outra cá.

Fonte: seculoDiario

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