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Polêmica na votação que decidirá o fim das touradas na Catalunha

14 de dezembro de 2009
4 min. de leitura
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Por Raquel Soldera (da Redação)

No site Prou!, da Iniciativa Popular Legislativa pela abolição das touradas, há um relógio que conta os dias, as horas, os minutos e os segundos que faltam para a votação do projeto de lei que visa proibir as touradas na Catalunha, na Espanha, prevista para sexta-feira (18) às dez horas da manhã. A expectativa é grande diante de uma votação em que os dois maiores partidos da Câmara, Convergencia i Unió (CiU) e o Partido dos Socialistas (PSC), darão liberdade de voto aos seus membros. Em ambos existem os que são contra as touradas e aqueles que são contra a proibição. Deles depende que a ILP prospere ou mantenha um projeto.

O tempo está acabando e os lobbies de ambos os lados estão correndo até o último minuto. A Associação de Defesa dos Direitos dos Animais entregará hoje 127.500 novas assinaturas contra as touradas no Parlamento. Do lado dos que são a favor das touradas, um grupo de 133 políticos franceses, a maioria do sul da França, enviou uma carta a todos os 135 deputados da Câmara de Catalunha, na qual, “sem a intenção de se meterem onde não são chamados”, dizem, solicitam que “preservem os valores da liberdade individual, de opiniões diferentes e respeito os gostos, interesses e tradições culturais de cada um”. “Nós gostaríamos que rejeitassem a proibição das touradas”, concluem.

Os políticos franceses (42 prefeitos de cidades que apoiam touradas no Sul da França, 22 senadores e 68 deputados), lembram em seu texto que na França, assim como na Espanha, as touradas  são permitidas “em áreas de tradição contínua”. “É o caso do sul da França, onde, em muitas localidades, a tourada é um dos espetáculos mais presente nos calendários festivos e uma das manifestações mais importantes da comunidade, assim como o rugby“, dizem os políticos.

A carta, que será recebida pelos membros do Parlamento hoje, destaca que “o Estado não deve impor tradições ou proibições”. “A regra deve ser o respeito pela diferença e a vontade individual”, dizem. E acrescentam que “se as touradas não agradam a uma sociedade, desaparecerá de forma natural”. Este argumento, entre outros, é o que defende a Federação de Entidades Taurinas e a Plataforma em Defesa do Festival. Apelando, como a carta dos políticos franceses, à liberdade individual e ao respeito ao festival, os dois grupos apresentarão na quarta-feira (16) um manifesto intitulado Pela Liberdade.

Maioria é a favor da proibição

Imagem: Ferran Sendra/ El Periódico
Imagem: Ferran Sendra/ El Periódico

A ILP precisa de maioria absoluta, que, segundo a média aritmética parlamentar, são 68 votos dos 135 deputados.

O partido ERC (21 votos) e ICV-EUiA (12) anunciaram que vão votar pelo fim das touradas na Catalunha. PPC (14) e Ciutadans (3) relataram que votam a favor das touradas.

As posições que deixam dúvida são da CiU (48) e PSC (37), que deram liberdade de voto aos seus membros e pediram voto secreto. A pressão dos que são a favor ou contra as touradas, assim como as associações de defesa dos animais, deixam um papel mais complicado aos dois deputados que falarão em nome dos grupos da CiU e do PSC.

Fontes da CiU dizem que 65% a 70% de seus membros são a favor da ILP, 15% são contra e os demais estão indecisos. Josep Rull, que falará pela CiU, é a favor das touradas, mas explicará as diferentes opiniões do seu grupo: “Os que são contra a proibição, aqueles que consideram as touradas uma expressão cultural que deve ser preservada e os que se baseiam na defesa dos animais” . Nas fileiras da CiU também estão deputados de Tarragona, que temem que comecem a proibir as touradas, e terminem vetando uma festa popular que é sagrada em algumas aldeias nos distritos de Ebro.

Pelos socialistas falará o deputado David Perez, defensor das touradas. Mas nem todos os membros do PSC pensam como ele.  “Há uma minoria a favor das touradas, outra minoria a favor dos animais que quer a proibição, e uma maioria que não acredita que a tourada deva ser proibida”, disse o deputado socialista.

Com informações de El País, El Periódico e ABC.es

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