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Após recuperação, população de tigres siberianos volta a cair

6 de dezembro de 2009
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Em meio à tempestade de más notícias ambientais nos últimos anos, a história dos tigres de Amur – também conhecidos como tigres siberianos ou tigres de Ussuri –, na Rússia, trouxe um pouco de otimismo. Quase extintos meio século atrás, os tigres retornaram quando o governo impôs proteções, e sua contagem permaneceu mais ou menos estável durante grande parte da década passada.

Porém, novos estudos sugerem que a população de tigres da Rússia está novamente em declínio.

Resultados de uma pesquisa anual conduzida pela Sociedade de Conservação da Vida Selvagem, um grupo ambiental situado em Nova York, junto a diversas organizações russas, mostraram uma queda de 41% na população de tigres de Amur em relação à sua média dos últimos 12 anos.

Tigres siberianos voltaram a apresentar queda no índice populacional. (Imagem: Folha Online)
Tigres siberianos voltaram a apresentar queda no índice populacional. (Imagem: Folha Online)

“O declínio mais dramático ocorreu no último inverno, em 2009, onde havia, em nossas unidades de pesquisa, muito menos tigres do que em qualquer um dos anos anteriores”, disse Dale G. Miquelle, chefe do programa Extremo Oriente Russo da sociedade. “É hora de reagir.”

Miquelle avisou que fatores aleatórios, como as fortes nevascas do inverno passado, quando foi realizada a pesquisa, poderiam ter interferido nos dados. Mesmo assim, segundo ele, as evidências apontam para uma estável queda nos últimos anos.

O declínio do tigre de Amur na Rússia é particularmente perturbador, pois o animal tinha sido considerado uma história de sucesso de conservação. As populações de tigres da China, Índia e outros locais têm caído rapidamente, e muitas espécies estão extintas.

“Estamos reduzidos a poucos milhares de tigres em todo o mundo, e isso é realmente muito pouco”, disse John Robinson, vice-presidente executivo da sociedade.

Na Rússia, o tigre de Amur já chegou a ser encontrado até no Lago Baikal, na Sibéria central, a 3.200 quilômetros do Oceano Pacífico, além da China e Coreia do Norte. Antes da recente pesquisa, imaginava-se que havia de 400 a 500 animais confinados nas regiões de Primorsky e Khabarovsky, na parte sul do que é chamado de Extremo Oriente Russo.

Essa região esparsamente povoada foi considerada o último bastião de sobrevivência do animal.

Nos últimos três anos, o governo inaugurou três parques nacionais, com mais de um milhão de acres de território para tigres. Mesmo assim, a pesquisa apontou populações em declínio em todas as cinco zonas protegidas, indicando que os animais não estavam mais seguros dentro dos parques.

O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir V. Putin, expressou consternação ante o número decrescente de tigres de Amur. O animal é um dos favoritos de Putin.

“Para a Rússia isso é particularmente doloroso”, disse Putin, em visita a uma reserva de tigres russos no ano passado. “Animais como o tigre de Ussuri, o maior e mais belo tigre do mundo, são como nosso cartão de visita”.

O tigre de Amur é um mascote adequado para a imagem de aço da Rússia que Putin gosta de apresentar ao mundo. Trata-se da maior subespécie de tigre em todo o mundo: o macho pode chegar a 3 metros de comprimento e pesar até 300 quilos. O grande felino caminha pela vasta imensidão nevada do oriente russo, caçando cervos, porcos selvagens e, conforme rareiam os suprimentos de alimento, animais de estimação das casas.

O governo russo solicitou uma reunião da cúpula internacional sobre tigres, que aconteceria em 2010 na cidade oriental de Vladivostok, para abordar os problemas.

Sem muita surpresa, o desenvolvimento em catalogação e infraestrutura no habitat dos tigres contribuiu para parte do declínio, dizem especialistas ambientais.

Porém, o maior motivo de preocupação é o aumento da caça, segundo Igor E. Chestin, diretor da WWF Rússia. Nos últimos anos, disse ele, as autoridades federais reduziram os recursos contra essa prática.

“Nossos cálculos apontam que, atualmente, temos aproximadamente três vezes menos pessoas controlando a caça nas florestas do que há dez anos”, afirmou Chestin.

Cientistas estimam que os seres humanos causem de 65% a 80% das mortes dos tigres, principalmente por meio da caça. Partes do tigre, como ossos, órgãos internos e bigodes, alcançam altos preços em mercados da Ásia, onde são populares como remédios tradicionais. A pele âmbar-alaranjado também é uma valiosa aquisição no interior da Rússia.

Aqueles que são pegos caçando sofrem apenas penalidades menores.

“Aqui, você pode pegar um caçador arrastando um tigre para fora de uma floresta, mas ele só receberá uma multa de mil rublos”, disse Miquelle, citando o equivalente a cerca de 35 dólares.

Fonte: Folha Online

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