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Crise profunda abala mercado cruel de couro de jacarés nos EUA

1 de dezembro de 2009
2 min. de leitura
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Por Marcela Couto (da Redação)

O cruel mercado que mata e arranca o couro de milhares de jacarés todos os anos para confecção de bolsas e sapatos está enfrentando uma crise profunda nos EUA. Depois de cinco anos dedicando-se a explorar os animais, Tommy Fletcher está tendo gigantescos prejuízos com sua fazenda de criação.

o fazendeiro Fletcher
Foto: NY Times

Enquanto a indústria de couro está oferecendo muito pouco pelo “produto”, alegando recessão, as grifes de moda estão reclamando dos preços astronômicos que a própria indústria cobra pelas peles trabalhadas. Muitas marcas estão abandonando o uso do couro de jacaré, e marcas supostamente luxuosas como Manolo Blannik dizem que está cada vez mais difícil comprar o “material”.

Uma das causas da queda brusca do mercado foi o aparente monopólio da marca Hermés sobre as indústrias de couro da região, comprando a pele dos animais por preços cada vez menores.

Para criar os animais, os fazendeiros precisam localizar seus habitats sobrevoando áreas selvagens em helicópteros. Então, com ajuda de um barco, invadem o lago onde vivem os animais e simplesmente roubam os ovos das fêmeas, afastando-as com uma vara.

Nas fazendas os animais vivem confinados em tanques, onde ficam extremamente estressados e mordem uns aos outros o tempo todo. Quando atingem por volta de 1,2 m de comprimento, os animais são retirados à mão dos tanques e mortos com uma facada na cabeça, para que o couro seja arrancado.

O sistema torturante de exploração é considerado “caro”, tornando o “negócio” bastante arriscado, e o couro dos jacarés, um artigo de luxo. Infelizmente, bolsas e sapatos oriundos do sofrimento animal ainda são muito populares nos EUA.

O Sr. Fletcher já perdeu mais de U$ 15.000 por mês com sua fazenda de jacarés em Nova Orleans por causa da crise. Mas o fazendeiro parece disposto a viver da exploração de animais, já que declarou ter encontrado uma cobra python e uma tartaruga marinha na região e assim pretende abrir um zoológico na estrada para turistas.

“Acho que tentar criar jacarés é como se casar com a Miss EUA”, disse Fletcher. “Você ganha todos os benefícios dos abraços e beijos, mas a mulher exige uma manutenção muito cara”. Frase tipicamente sexista, previsível para alguém como ele.

A expectativa é de que o mercado continue sofrendo quedas e as marcas aos poucos abandonem o uso do couro de jacaré, livrando esses animais da morte injusta e cruel em nome da moda.

Com informações de New York Times

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