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Múltiplas e raras espécies habitam a profundidade marinha

23 de novembro de 2009
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As obscuras e frias profundidades marinhas estão longe de ser desérticas: milhares de espécies animais, algumas delas fora do comum, vivem entre os 200 e os 5 mil metros de profundidade, revela uma equipe internacional de cientistas, depois de 10 anos de trabalho e mais de 200 expedições.

Mais de 2 mil estudiosos de 80 países participam do primeiro “Censo da Vida Marinha”, um catálogo da fauna das profundidades oceânicas, que teve as primeiras conclusões divulgadas domingo em Washington. Sua publicação está prevista para 4 de outubro de 2010, em Londres.

Desde o lançamento deste projeto, em 2000, foram indexadas 17.650 espécies, entre elas vários tipos de caranguejos, camarões e outras muitas criaturas raras que vivem 200 metros abaixo da superfície do mar – profundidade limite alcançada pelos raios de sol.

A maioria se alimenta sobretudo de excrementos de animais.

Outros se nutrem de bactérias que decompõem hidrocarbonetos, enxofre e metano, assim como de esqueletos de baleia que jazem no fundo dos oceanos.

Para a investigação, os cientistas recorreram a câmaras, sonares e à tecnologia de ponta como minissubmarinos robotizados ou controlados por especialistas, capazes de descer a até 5 mil metros de profundidade.

Edward Vanden Berghe, que dirige o Sistema de Informação Biogeográfica dos Oceanos (OBIS), do “Censo de Vida Marinha”, assinalou que, como é de esperar, o número de espécies registradas diminui consideravelmente ao aumentar a profundidade.

No entanto, os biólogos do OBIS puderam catalogar até agora 5.722 espécies que se desenvolvem a mais de 1.000 metros de profundidade, precisou.

Os cientistas – entre eles 344 de 34 países que estão diretamente envolvidos no inventário de espécies – destacaram que seus trabalhos deixaram em evidência a abundância, a diversidade e a distribuição da fauna marinha dos fundos oceânicos, considerados até então vazios.

“A abundância de vida existe em função, principalmente, dos nutrientes disponíveis e diminui rapidamente com a profundidade”, observou Robert Carney da Universidade de Louisiana (sul).

“É nas margens extremas da plataforma continental onde encontramos a transição entre a abundância de nutrientes resultantes da fotossíntese e a pobreza das profundidades sem luz do oceano”, explicou.

Ele destacou que tal diversidade animal é difícil de se compreender, uma vez que o lodo que reveste as grandes profundidades parece uniforme e pobre em nutrientes.

“Esta grande diversidade reflete, pois, as intrigantes adaptações e as surpreendentes estratégias de sobrevivência das espécies”, acrescentou.

Entre as criaturas mais estranhas observadas, citam um peixe “raro e alongado de cor laranja”, definido como um “neocyema” capturado em profundidades entre 2.000 e 2.500 metros sobre a dorsal de metade do Oceano Atlântico. Até agora, só cinco espécimens foram capturados.

Outro encontrado na mesma zona, a uma profundidade de 1.000 a 3.000 metros, recorda o elefante voador “Dumbo”, de Disney, pelo enorme par de orelhas que lhe servem de asas.

O espécimen capturado media cerca de dos metros de comprimento e pesava seis quilos.

O site do projeto na internet é o www.coml.org.

Fonte: Terra

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