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Definido plano de ação para proteger répteis e anfíbios que vivem em ilhas marinhas

29 de novembro de 2009
3 min. de leitura
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O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), deverá lançar, provavelmente em março do ano que vem, o Plano Nacional de Ação para proteger a herpetofauna insular (répteis e anfíbios que habitam ilhas). O plano será aplicado na Estação Ecológica (Esec) de Tupinambás e na Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) Queimada Grande, as duas únicas unidades de conservação no País que abrigam espécies desse grupo criticamente ameaçadas de extinção.

Na atual lista nacional de espécies da fauna ameaçada de extinção, publicada no ano passado com dados de 2003, constam três espécies de serpentes – Bothrops alcatraz, endêmica na Ilha de Alcatrazes e Bothrops insulares e Dipsas albifrons cavalheiroi, da Ilha de Queimada Grande –, uma de anfíbio anuro (Scinax alcatraz) e duas de tartarugas marinhas – tartaruga verde (Chelonia mydas) e tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) – que habitam a Esec Tupinambás (um conjunto de ilhas, ilhotas, lajes e parcéis no Oceano Atlântico, no litoral norte de São Paulo) e na Arie Queimada Grande (que abriga as ilhas de Queimada Grande e Queimada Pequena, no litoral sul de São Paulo).

Endêmicas nessas ilhas, todas as espécies terrestres mencionadas estão no maior grau de ameaça. “Ou seja, criticamente em perigo de extinção”, garante a analista Yeda Bataus. Embora não seja possível uma comparação entre a quantidade de cobras da Ilha Queimada Grande com as da Ilha de Alcatrazes, sabe-se que a Ilha de Queimada Grande, possivelmente, seja a ilha com a maior densidade de cobras do mundo. Contudo, são as mais ameaçadas de extinção também.

O chefe-substituto da estação ecológica, Gerhard Kempkes, ressalta que há um conjunto de fatores que levaram essas espécies moradoras da Esec Tupinambás e da Arie Queimada Grande ao estado crítico de ameaça de extinção. Ele destaca, por exemplo, o fato delas serem endêmicas das ilhas e, por isso, disporem de pouco espaço para encontrar alimento e para a reprodução. Além disso, há intervenções antrópicas (feitas pelo homem), como os exercícios de tiro realizados periodicamente pela Marinha na Ilha de Alcatrazes. Segundo ele, a Marinha cumpre vários procedimentos de segurança para tentar minimizar o impacto desses exercícios na fauna e na flora, tanto terrestres quanto marinhos.

Em 2005, após um incêndio ocorrido no local, quando foi multada em cerca de R$ 1 milhão e teve as atividades embargadas pelo Ibama, a Marinha adotou novas regras para preservação das espécies animais e vegetais da ilha. “Foi a partir do termo de compromisso assinado entre o Ibama/ICMBio e o Ministério da Defesa que a Marinha passou a tomar cuidados especiais durante os exercícios de tiro”, informa o chefe-substituto da Esec.

Ele cita outros fatos para mostrar como é importante a elaboração do plano de ação nacional para proteção dessas espécies: “Duas espécies de anfíbios (a Scinax alcatraz e a nova espécie Cycloramphus faustoi) foram encontradas em bromélias situadas bem próximo do local em que a Marinha pratica tiro e onde já ocorreram incêndios na vegetação, o que as torna ainda mais ameaçadas de extinção”, revela Kempkes.

A Ilha de Queimada Grande é conhecida pela enorme quantidade de cobras, especialmente a jararaca-ilhoa, espécie endêmica da ilha e, segundo alguns cientistas, a serpente mais venenosa do mundo.

Segundo ele, pelo fato de a unidade ser marinha (está situada em alto mar, a 40 km do litoral) e de ainda estarem sendo descobertas novas espécies, não há uma contabilidade de cada uma delas, mas garante que são espécies bem raras. Os analistas do ICMBio que atuam na Esec também cuidam da proteção dos peixes, das tartarugas marinhas, dos golfinhos e das baleias.

Ele informa que das duas novas espécies de sapo descobertas recentemente, uma já foi descrita cientificamente em 2008 e recebeu o nome de Cycloramphus faustoi. A outra espécie ainda está sendo descrita, mas, segundo ele, é uma espécie de Leptodactylus.

Fonte: ABN

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