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A maior expedição para salvar tartarugas marinhas completa 30 anos

22 de novembro de 2009
3 min. de leitura
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Por Raquel Soldera (da Redação)

Trezentos filhotes de tartarugas, pequenos e escuros, avançam com dificuldade pela areia até a água do mar. Fazem parte de um grupo de mais de nove milhões que já foram protegidos e libertados pelo Projeto Tamar.

Imagem: AFP
Imagem: AFP

O Projeto Tamar, iniciado por uma ONG do mesmo nome, completará em breve 30 anos com resultados promissores e uma árdua luta para salvar espécies de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção devido à caça, além de proteger os ecossistemas da costa marítima.

Iniciado em 1980, o projeto tem seu maior centro de visitação e a principal área de desova destes animais na costa da Praia do Forte, localizado a 80 quilômetros de Salvador, na Bahia, e está somando cada vez mais apoio.

Segundo Guy Marcovaldi, fundador e coordenador nacional do projeto, “hoje podemos ver que a população de tartarugas marinhas está se recuperando no Brasil”, embora admita que ainda há muito a ser feito.

Todos os anos quase um milhão de filhotes são liberados no mar e espera-se alcançar um total de 10 milhões em março de 2010, número impensável anos atrás.

No entanto, isso não significa que a espécie esteja livre da ameaça de extinção. “Para cada mil tartarugas liberadas, apenas uma ou duas sobrevivem, e o seu período de vida é de 25 a 30 anos”, disse Luciano Suares, biólogo do Tamar. Isso resultaria no máximo 20 mil sobreviventes em 10 milhões de filhotes de tartarugas libertados.

No seu primeiro ano de atividade o Projeto Tamar seguiu a desova de 55 tartarugas em um trecho de 50 quilômetros de praias. Hoje, 30 anos depois, monitora cerca de 18 mil gestações por ano em mais de mil quilômetros da costa brasileira.

O Projeto Tamar tem 23 bases no Brasil que recebem mais de um milhão de visitantes anualmente. Depende do Governo, trabalhando em conjunto com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente). Há 28 anos tem o apoio da empresa paraestatal de petróleo Petrobras, que criou um departamento especial para projetos de conservação ambiental.

A matriz do Projeto Tamar na Praia do Forte abriga um museu das tartarugas, aquários, piscinas e tanques para estes e outros animais marinhos, além de um restaurante, lojas e até mesmo um minicinema temático, todos perto do farol local.

Existem sete tipos de tartarugas marinhas no mundo, e quatro deles, cujos adultos podem pesar de 65 a 700 kg, desovam nesta região. A desova é registrada de setembro a março na região litorânea e de dezembro a junho em ilhas oceânicas.

Imagem: AFP
Imagem: AFP

O Projeto Tamar realiza diversas atividades, entre as quais estão a proteção das tartarugas, controle por satélite e pulseiras de monitoramento, pesquisas, campanhas educativas, trabalho social e projetos de desenvolvimento de alternativas econômicas sustentáveis para as comunidades litorâneas.

Seus membros supervisionam os ninhos e transferem alguns para áreas seguras da praia ou zonas especiais para incubação, fazem rondas à noite para colher dados, estudam o comportamento do animal e coletam material para análise genética.

O principal objetivo do Projeto Tamar é fazer com que as comunidades locais conscientizem-se da importância da preservação da espécie, procurando reduzir ao máximo a pesca predatória de tartarugas.

Para Suares, “o Brasil tem uma lei ambiental muito boa, o mais difícil é a fiscalização, pelo tamanho do país.”

As atividades do Projeto Tamar contam com o apoio de 1.300 colaboradores.

Os 30 anos do Projeto Tamar foram comemorados com o apoio de artistas locais, como o músico Lenine, que explicitamente abraçou a causa com um show gratuito no centro da Praia do Forte.

Com informações de AFP

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