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Prefeita de Sidney pressiona autoridades para que conste nos rótulos o impacto causado aos animais

9 de novembro de 2009
3 min. de leitura
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Por Adriane R. de O. Grey  (da Redação – Austrália)

Na última semana de outubro, Clover Moore, prefeita de Sidney e representante desta cidade na Assembleia Legislativa de Nova Gales do Sul [Parliament House of New South Wales] requereu a seus colegas parlamentares que se posicionassem favoravelmente à aplicação de um padrão mais rigoroso na rotulagem de produtos nesse estado.

Prefeita de Sidney, Clover Moore (Foto: Robert Pearce)
Prefeita de Sidney, Clover Moore (Foto: Robert Pearce)

Os governos estadual e federal estão, neste momento, revisando as leis que regulam a rotulagem de mercadorias. Moore afirmou que os consumidores querem mais informações sobre o impacto dos produtos que adquirem na vida dos animais, no ambiente, nas condições de trabalho em países em desenvolvimento e na saúde humana. A rotulagem atual é limitada e enganadora, segundo Moore, e evita que os consumidores possam fazer escolhas verdadeiramente conscientes em suas compras.

Moore exemplificou o tema referente à condição de vida dos animais por meio da indústria de ovos.

Os termos “free range”, “cage free” ou “orgânico” evocam uma imagem positiva de frangos e perus que vivem ao ar livre com a abundância de ar fresco, sol e espaço aberto para vagar como teria pretendido a natureza. Esses termos são, no entanto, absolutamente inapropriados, porque escondem a realidade do sofrimento animal institucionalizado. Os ovos rotulados de “free range” provêm de galinhas que ainda têm seus bicos cortados quando pintinhos, o que, além de ser um processo extremamente doloroso, dificultará sua alimentação pelo resto de sua vida. Os animais vivem em espaços fechados, superlotados, com apenas uma pequena área externa [range], normalmente muito pequena e coberta de seus excrementos, para frequentarem eventualmente. Os ovos chamados de “cage free”, por sua vez, são postos por galinhas que, embora estejam livres das gaiolas, habitam um galpão escuro e fétido sem que jamais possam sair ao ar livre. Da mesma maneira que as galinhas consideradas free range, as cage free têm seu bico mutilado quando ainda pintinhos. Muitos dos ovos considerados “orgânicos” também provêm de aves cujas condições não diferem das anteriores no que se refere ao tratamento dos animais (http://www.upc-online.org/freerange.html).

Galinhas confinadas pelas mãos humanas (Foto:)
As criações ditas orgânicas, além de violarem os direitos animais, causam também grande sofrimento aos animais (Foto: Reprodução/UPC)

Moore declarou que se alinha com a postura da Voiceless (http://www.voiceless.org.au/) e da Humane Society International (http://www.hsus.org/hsi/), que defendem que os rótulos deveriam identificar clara e detalhadamente o sistema de produção de mercadorias, se este sistema envolve ou não o uso de animais e as condições de vida a que estes animais são submetidos quando explorados por determinada indústria.

Os governos recusam-se a banir produtos e processos de manufatura de mercadorias usando o (já tão velho) argumento do direito à privacidade e à escolha dos cidadãos. No entanto, o direito de escolha e de privacidade de cada ser vivo deveria terminar quando começa o sofrimento do outro.

É fato que os consumidores não dispõem da informação que gostariam de ter e ainda precisam confiar no que lhes proveem as organizações não governamentais.

Citando Joe Bob Briggs (“We Are the Weird: It’s Home, Home on the Free Range.” Telegram-Tribune, San Luis Obispo, CA, 25 March 1993, p. 24):

 “O garçom falou: ‘Todas nossas galinhas são livres, free-range. E eu falei: ‘Ela não me parece muito livre naquele prato’.”

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