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Elefantes são torturados e usados como mercadorias na Índia

5 de novembro de 2009
3 min. de leitura
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Por Karina Ramos (da Redação)

Kerala é um dos estados da Índia que se orgulha de seus festivais coloridos e comemorações anuais em templos. Mas o outro lado dessa festa visual é trágico.

Os elefantes enfrentam crueldades insuportáveis dos cidadãos de Kerala que os consideram máquinas de fazer dinheiro, segundo o especialista em elefantes Madambu Kunjukuttan. Recentemente, ele fez um discurso sobre “Aanavishesham”, no encontro mensal de Bharath Vikas Parishath (organização para o desenvolvimento social e cultural da Índia), no Kalikotta Palace.

Foto: Reprodução/Animal Concerns
Foto: Reprodução/Animal Concerns

Há milhares de anos os elefantes têm feito parte da vida dos homens, seja em festivais ou em campos de guerra. “No passado, apenas poucos elefantes eram usados em festivais e procissões religiosas de Kerala. Agora os templos competem uns com os outros para apresentar o máximo de elefantes que puderem, e isso fez da vida desses animais algo miserável. Tutores gananciosos de elefantes, que até criaram uma organização para “lutar pelo direito” de torturar esses animais, estão tentando lucrar ao máximo com o aluguel dos elefantes, de acordo com Madambu.

“Técnicas” inventadas por esses aproveitadores para transportar os elefantes em caminhões e para impedir o cio natural durante as estações festivas têm causado sérios danos ao metabolismo dos animais em Kerala. Longas viagens de caminhão irão causar um comportamento histérico nos elefantes, segundo Madambu. Além disso, os animais são obrigados a desfilar em templos e igrejas, sem descanso. O resultado dessa tortura é sempre um final trágico, tanto para quem monta e guia o elefante como para o devoto inocente.

Embora um elefante precise de 300 a 500 litros de água e de cerca de 250 kg de vegetação, os guias nunca fornecem água suficiente. “Recentemente, elefantes que estavam correndo em fúria pararam repentinamente ao encontrar uma lagoa ou até mesmo uma torneira”, de acordo com Madambu.

Durantes os festivais, os elefantes às vezes ficam um dia inteiro nas procissões. Isso também aumenta a jornada de trabalho dos guias.

Os guias infelizes tratam os animais com brutalidade e isso é mais um motivo para que os elefantes fujam enfurecidos. Madambu questionou a crença comum de que os elefantes abanam suas orelhas para demonstrar felicidade nas procissões.

“Os elefantes abanam suas orelhas para balancear o calor do corpo. Eles jamais poderiam apreciar o pandi melam (concerto de percussão) de Mattannoor Sankarankutty Marar ou o panchari melam (outro concerto de percussão) de Perumanam Kuttan Marar”, disse Madambu.

Ele também expôs algumas realidades amargas, como guias que propositalmente cegam os animais ou que cortam carne de suas patas dianteiras para que emagreçam. “Vi mais de 50 elefantes em Kerala que não têm uma visão adequada. Os guias prejudicaram suas capacidades de visão para torná-los mais obedientes”, explica Madambu.

Madambu também enfatizou a intimidade que deveria existir entre guia e elefante.

Com informações do Animal Concerns

Nota da Redação: Mais uma triste realidade envolvendo tradições que têm em si uma carga enorme de sofrimento animal, tortura e gestos nada próximos da compaixão que deveria fundamentar qualquer sociedade civilizada e ética. Quando entendermos que a nossa realização como seres humanos jamais acontecerá enquanto não formos capazes de conviver em harmonia e praticar o respeito por todas as espécies, aí sim poderemos afirmar que somos alguma coisa digna de viver.

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