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Cientistas pretendem investigar a história da evolução animal por meio do projeto "Genome Zoo"

5 de novembro de 2009
3 min. de leitura
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Por Renan Vicente de Andrade     (da Redação)

Em um estudo de maior compreensão sobre a evolução animal jamais realizado, um consórcio internacional de cientistas planeja montar o genoma animal (no original, genome zoo). Tal feito será realizado pela Universidade da Califórnia-Santa Cruz (UCSC). O projeto visa o armazenamento e sequenciamento de genes de 10.000 animais de diferentes espécies.

A ambiciosa busca, liderada por alguns dos melhores geneticistas dos EUA, foi divulgada na manhã desta quarta-feira (4) e custará cerca de 50 milhões de dólares e muitas décadas para se concretizar.

Mas o conservatório computadorizado – chamado  “Genome 10k Project” (Projeto Genoma 10K, ou 10.000) – transformaria a Biologia, criando um arquivo digital de vitórias moleculares e topando com 500 milhões de anos de história de evolução.

A análise da base de dados poderia ajudar os humanos a desvendar mistérios biológicos, como a razão pela qual algumas criaturas vivem pouco e outras, como a baleia-da-groenlândia, vivem até 200 anos. Tal descoberta também ajudaria na preservação das espécies.

“Nós podemos, então, contemplar a leitura de um patrimônio genético de todas as espécies, a começar pelos vertebrados”, disse o engenheiro biomolecular da UCSC David Haussler, arquiteto chefe do projeto.

O projeto contará com muitos cientistas. Até o momento são mais de 65.

Naturalistas em florestas, desertos e outros habitats têm, ao longo das décadas, coletado amostras de tecidos do reino animal – mais de 16.000 espécies, na última contagem. Esta coleção, guardada para a posteridade, abrange a diversidade de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes conhecidos por nós.

Mas o projeto demandará uma quantidade descomunal de poder computacional das máquinas, muito além do atualmente disponível. Bilhões de letras de informação digital serão armazenadas, depois analisadas.

Mas ainda precisam de fundos. A Comunidade de Cientistas do Projeto Genoma 10K, como eles próprios se intitulam, diz que irá procurar ajuda do governo e de organizações filantrópicas. Outros grandes projetos de pesquisa tomaram este rumo e obtiveram sucesso.

Este projeto visará somente os mamíferos – deixando insetos, répteis e outros seres vivos para as gerações futuras.

Em muitos momentos, os cientistas se depararão com semelhanças, já que todos os vertebrados dividem um repertório central de genes. Mas as diferenças podem guardar a chave para grandes eventos biológicos do passado como o desenvolvimento de asas, braços, visão colorida, coração tetra-camaral e barbatanas.

Com isso, será possível reconstruir – ao menos em um computador – o ancestral comum de todos os vertebrados: uma criatura esperta que correu por aí junto aos dinossauros no tempo da explosão cambriana da vida animal.

A informação poderá ajudar na preservação da vida selvagem, caso os genes predigam como um animal responderá às mudanças climáticas, poluição e doenças emergentes.

“O risco de extinção é diminuido para espécies que temos o sequenciamento genético, pois permite estudos”, disse Ryder.

Os genes não podem ser usados para construir um animal extinto do “nada”. Mas os cientistas acreditam que as sequências podem dar a “receita” de como reproduzir novamente, usando técnicas seletivas, animais como o tigre-da-tazmânia, por exemplo.

“A variação genética criou tantas impressionantemente específicas e belas formas”, disse Haussler. “Como isso aconteceu ? Nós queremos compreender”.

Com informações do Mercury News

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