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Universidade não sabe o que fazer com cão doado a laboratório

29 de outubro de 2009
3 min. de leitura
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Foto: Sérgio de Pinho Comércio da Franca
Foto: Sérgio de Pinho Comércio da Franca

O Departamento de Veterinária da Unifran, em Franca, no interior de São Paulo, ainda não sabe que destino dar ao cão Perré, visto morto pela própria tutora no laboratório de anatomia, na faculdade onde ela estuda, na semana passada.

A diretora do curso de veterinária, Antonella Cristina Bliska, disse que é preciso “aguardar” que fim terá o caso, já que o corpo do cão, desaparecido desde setembro, seria dissecado pelos alunos.

“Estamos aguardando decisão superior, pois existe uma polêmica. Imagino que a antiga tutora queira enterrá-lo, mas, como foi feito um boletim de ocorrência para averiguar como o animal chegou até a instituição, teremos que aguardar”, contou ela, por e-mail. De acordo com Antonella, o cão morto seria usado no laboratório pelos alunos do primeiro ano de veterinária para “estudar os posicionamentos dos órgãos nas cavidades torácica e abdominal”.

Em entrevista ao G1 na tarde desta quarta (28), a tutora de Perré, Gabriela Souza Ferreira, de 20 anos, contou que o vira-lata de três anos e cor preta fugiu de casa com outro cachorro da família, ainda desaparecido. Ela acredita que os dois foram atrás de uma cadela no cio. A Prefeitura alega que o animal chegou ao Canil Municipal “doente e agonizando” e que o procedimento indicado pelo veterinário dali foi sacrificá-lo.

Atropelamento

Antonella ressalta que o animal morto chegou à Unifran com outros “cinco cães já eutanasiados pelo serviço de Vigilância Sanitária”. De acordo com o relato dela, o laudo da Vigilância informa que “o animal foi recolhido na rua em estado de choque”, com “temperatura corporal abaixo do normal, as pupilas não se contraíam com a luz de uma lanterna e não reagia aos exames neurológicos”.

Segundo a professora, “o laudo também cita que o animal sofreu atropelamento e foi recolhido devido ao telefonema de um cidadão”. No entanto, o chefe da Vigilância Sanitária da cidade, Fernando Baldochi, não confirma a informação. “Não tem como dizer que o cachorro foi atropelado. O laudo não fala isso”. A própria Gabriela tem dúvidas. “O cachorro não parecia ter sido atropelado”.

Por causa dessa polêmica, Antonella e Baldochi reafirmaram a importância do que chamam de “guarda responsável” em relação aos bichos de estimação. “Se o tutor cuida e não oferece condições de fuga, isso não acontece. O cuidado tem que ser feito com responsabilidade”, comentou Baldochi.

“Na rua, o animal fica livre e longe da supervisão do tutor”, afirmou Antonella, sugerindo que Perré pode ter se afastado demais de casa, brigado com outros cães ou ter sido atropelado mesmo. Ela defende o cadastro dos animais para que se tenha contato com o responsável em caso de problemas.


Nota da Redação: Todos os protetores dos animais sabem o que é guarda responsável, defendem-na e ajudam a disseminá-la. Gabriela, no entanto, não parece ter submetido Perré à falta de cuidados e preocupou-se logo que notou seu desaparecimento, procurando pelo cachorro de diversas maneiras. A guarda responsável é fundamental, importantíssima, mas não deve ser usada como justificativa para um assassinato e para a descriminalização de uma situação lamentável.

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