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Poluição sonora no mar vai ser medida com aparelho português

19 de outubro de 2009
2 min. de leitura
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Quatro jovens investigadores da Universidade do Algarve, Portugal, criaram uma espécie de gravador digital para medir a poluição sonora submarina, relacionando com a proteção de baleias, golfinhos e peixes. O protótipo vai começar a ser introduzido no mercado em 2010.

Cristiano Soares, Friedrich Zabel, Celestino Martins e António Silva são os quatro investigadores da Universidade do Algarve (UAlg) que arregaçaram as mangas e formaram recentemente a empresa MarSensing com o objetivo de medir a poluição sonora no mar.

O “hidrofone digital autorregistrante” é autônomo do ponto de vista de energia e de armazenamento de dados, é um produto 100% “made in Portugal” e a fase de construção e testes termina este ano, explicou à Lusa Cristiano Soares, da MarSensing, spin-off do Laboratório de Processamento de Sinal da UALg.

O protótipo, que custou cerca de mil euros sem a mão de obra incluída, vai ser introduzido no mercado em 2010 por meio de venda direta ao cliente, nomeadamente pelo site da empresa mãe, a MarSensing, segundo o especialista.

Organizações internacionais ligadas à proteção das baleias e golfinhos, ou cientistas que trabalhem na área da bioacústica e monitoração de cetáceos podem ser os potenciais clientes para este produto, conta Cristiano Soares.

Os ruídos subaquáticos provocados por explosões durante obras marítimas, barulhos das explorações petrolíferas, mas também a poluição sonora provocada por cargueiros e petroleiros nos portos marítimos e nas suas rotas perturbam os animais marinhos e podem causar a morte de forma indireta.

Para os golfinhos e baleias, que se comunicam por meio do som com diversos fins, como o acasalamento com recurso à ecolocalização (localização por intermédio de ecos), é fundamental que nada quebre essa dimensão comunicacional, mas, se houver poluição sonora, as consequências serão múltiplas e maléficas.

Peixes estressados

“Ruptura de ligações sociais”, “perda de sensibilidade auditiva temporária”, “perda de sensibilidade auditiva permanente”, como surdez, maior cansaço dos animais por gastarem mais energia para comunicar e localizarem alimento, aumento da morbidade e a morte são algumas das consequências. “Existem relatos de baleias que foram avistadas em zonas do oceano onde supostamente não existem baleias, e que têm sido interpretados como uma fuga ao ruído produzido por determinada atividade, ou mesmo pânico, seguido de desorientação”, recordou Cristiano Soares.

Os peixes também sofrem com a poluição sonora debaixo da água, ficando mais tensos. “Um peixe estressado não se alimenta, não se reproduz”, recorda o investigador Cristiano Soares.

Existem várias atividades emergentes que no futuro poderão ter contribuições crescentes em termos de ruído submarino, alerta o investigador. A geração off-shore de energia elétrica (eólica e das ondas) e o tráfego marítimo são alguns exemplos.

Para conhecer as consequências da poluição sonora, o protótipo português está em sintonia com a União Europeia, que aprovou uma diretiva em 2008 com vistas a atingir metas de qualidade ambiental do ruído debaixo de água até 2020.

Fonte:  Público

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