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Lançado na Bahia o documentário “Abolicionistas pelos Animais”

13 de outubro de 2009
3 min. de leitura
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Por Ulisses Andrade

A UFBa foi palco do lançamento do documentário Abolicionistas pelos Animais, produzido e dirigido pelo jornalista, músico e jurista Tangre Oliveira, a partir da ideia do promotor de justiça baiano Heron Santana Gordilho.

Realizado durante o I Congresso Mundial de Bioética e Direito Animal, ocorrido em outubro de 2008, Tangre Oliveira aproveitou a reunião de diversas personalidades nacionais e internacionais, em diversas áreas como nutrição, jornalismo, filosofia, biologia e direito, como David Favre, Maria do Céu Patrão, Steven Wise, Laerte Levai, Silvana Andrade, George Guimarães, entre outros intelectuais.

O documentário foi dividido em blocos temáticos nos quais os entrevistados expõem sua opiniões sobre os temas propostos, entre eles “A causa, ativismo, direitos animais, veganismo”.  É interessante notar que o filme adota, por vezes, um tom  intimista sobre a história dos entrevistados. De como eles se envolveram com a causa, das suas posturas em relação à alimentação. Por sinal, um dado perturbador trazido pelo filme é o de que cerca de 90% da exploração animal pelo homem envolve a indústria alimentícia. Não é por acaso que quase a unanimidade dos que expuseram esse dado no filme se disseram não apenas vegetarianos, mas veganos, ou seja, não utilizam nem ao menos ovos, leites e derivados em sua alimentação, demonstrando assim o respeito que os envolvidos na causa prestam aos animais.

Outra informação trazida pelo filme é sobre o mito de não ser possível se ter uma refeição equilibrada prescindindo da fonte animal. Segundo o nutricionista vegano George Guimarães é possível substituir proteína, cálcio e vitaminas de origem animal por vegetal. A ressalva é a vitamina B12, que, no entanto, pode ser facilmente suprida tomando-se complemento vitamínico sintético.

Percebe-se que cada um dos envolvidos na causa animal possui convicções éticas e filosóficas muito fortes e que o movimento de proteção aos direitos dos animais vem crescendo, em termos de conscientização, despontando os pesquisadores brasileiros como uma das referências internacionais na construção do apanágio teórico sobre os direitos dos animais.

Show à parte é a música de encerramento do curta-metragem. A versão de Tangre Oliveira e Heron Santana Gordilho para a cantiga Atirei o Pau no Gato faz-nos perceber como o desprezo aos animais está incutido culturalmente na sociedade. Desde pequenos somos ensinados a ver com normalidade a crueldade contra animais. Numa tentativa de mudar esse panorama, entoam eles os versos: “Não atire o pau no gato/porque isso/ não se faz/ O gatinho/ é nosso amigo/ Não devemos maltratar os animais”, em versão hardcore.

Inserido em um paradigma pós-positivista, o multiculturalismo faz-se presente no documentário pela gama de entrevistados. Há inclusive a participação de Fabiane Niemayer, ativista pelo direitos dos animais e fundadora da ONG mineira Gato Preto, que promove trabalhos de conscientização sobre os direitos dos animais.

Um ponto que chama a atenção no filme são as locações escolhidas para as entrevistas. Há sempre como pano de fundo a natureza exuberante, seja com o visual do mar ao pôr do sol, seja com as árvores, não há sequer uma entrevista realizada em ambiente fechado, estanque da natureza. Denota-se a preocupação do filme com a integração do homem com o seu meio, que foi tão desprezado com a racionalização na idade moderna e com o crescimento desenfreado dos centros urbanos. Desse fato decorreu a utilização de bichos de estimação, que é um dos temas criticados pelo filme. Na visão de Heron Santana Gordilho,  este é um crime tão cruel quanto qualquer outro cometido contra os animais.

Vale a pena conferir este documentário e uma coisa é certa. Não há como sair da sala de projeção sem fazer uma análise pessoal de como é a sua relação com os animais. Ponto para o documentário, uma forte ferramenta de conscientização.

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