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200 galos explorados em rinhas são doados pelo Ibama para servirem de alimento

8 de outubro de 2009
3 min. de leitura
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Por Carol Keppler (da Redação)

Foto: Nestor Müller/ GZ
Foto: Nestor Müller/ GZ

Além de todo o sofrimento já vivido pelos galos que passaram a vida sendo explorados, estressados, intoxicados e submetidos a uma constante violência, o destino de cada um deles é, agora, ser doado a uma instituição de caridade, nesta quinta-feira (8), por definição do Ibama.

Utilizados em rinhas no município de Cariacica, ES, os animais foram encontrados no bairro Belo Horizonte, junto com vários apetrechos utilizados durante as brigas: remédios, anabolizantes, um tambor (local das tragédias). Muitas aves tinham ferimentos profundos. O dono do estabelecimento foi multado em R$ 100 mil e ficou como fiel depositário até a doação dos animais.

Mas a refeição terá que esperar um período de 40 dias para ser realizada. Este é o período de desintoxicação de todos os remédios e estimulantes que as aves receberam durante sua “preparação” para as rinhas. 

Comentário

Por Lobo Pasolini   (da Redação)

O destino dado aos 200 galos resgatados de uma rinha em Cariacica no Espírito Santo ilustra a nossa relação impiedosa e utilitarista com os animais. As aves, induzidas deliberadamente pelos criminosos que as exploravam a serem agressiva, serão doadas para serem ‘consumidas’, ou seja, mortas. Depois de sofrer nas rinhas, os animais sofrerão no matadouro. Não é a toa que vivemos em uma sociedade tão violenta.

Em conversa por telefone, o Ibama revelou à redação da ANDA que está apenas cumprindo a lei e que o caso de rinhas de galos é um dos poucos em que a organização lida com animais não silvestres, por isso eles não tem como fazer um trabalho de recuperação com as aves e devolvê-las ao seu habitat natural, já que eles não são nativos do Brasil. O agente que me atendeu citou um caso recente no Ceará em que o Ibama anunciou que iria eutanasiar um grupo de galos resgatados de rinhas mas foi proibido pelo Ministério Público que alegou que a lei previa que animais tido como comida devem ser doados para esse fim. Pelo visto, nenhuma faísca de misericórdia é direcionada ao galo (e outros animais ‘domésticos’) pelos labirintos da lei brasileira.

O Ibama pode estar amarrado pela lei, mas poderia se esforçar mais para dar outro destino a esses animais. A criação de um centro de recuperação dessas aves poderia servir como um projeto de educação anti-rinhas, já que esse é um problema social crônico. Não pode custar tão caro assim. Todo animal é um animal silvestre, ele apenas foi retirado de seu contexto original e deveria ser tratado assim. 

O Gallus gallus é um animal nativo do sudoeste asiático que começou a ser explorado domesticamente no Vietnam cerca de 10 mil anos atrás. A medida que o mundo foi sendo colonizado, a exploração desse animal se globalizou e hoje ele é o mais explorado de todos os animais, com cerca de 24 bilhões de indivíduos vivendo em condições absolutamente deploráveis. A rinha de galos é um sub-produto do consumo do Gallus gallus como comida. Portanto, a melhor forma de ajudar a acabar com essa abominação é tornar-se vegano.

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