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Reaparecimento do gavião-de-penacho reforça a importância da preservação dos habitats

1 de outubro de 2009
3 min. de leitura
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O último registro de um exemplar de gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus) na Reserva Biológica Augusto Ruschi, em Santa Teresa (ES), havia sido feito 60 anos atrás. Por esse motivo, a ave de rapina, considerada importante para aquele ecossistema, passou a fazer parte da lista de animais em extinção do estado – infeliz consequência da caça desordenada e da destruição ambiental causada pelo homem.

Para alívio dos ambientalistas, porém, a primeira etapa do projeto de monitoramento da avifauna (população de aves) da reserva, finalizada em agosto passado, trouxe uma excelente notícia: durante os trabalhos em campo, os pesquisadores voltaram a avistar a espécie diversas vezes entre as árvores mais altas da unidade.

Além da identificação do gavião-de-penacho, o monitoramento permitiu o registro adequado de outros animais raros ou ameaçados de extinção. Durante os trabalhos, que tiveram início no ano passado, foram catalogadas 220 aves na reserva. Entre elas, estão o gavião-real (Harpia harpyja), cujo último registro na reserva havia sido em 1990; o gavião-pombo-grande (Leucopternis polionotus) e o gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus).

Segundo Tomaz Dressendorfer, analista do Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade (ICMBio), um total de 21 aves identificadas são classificadas como ameaçadas de extinção no estado. Mesmo tendo voltado a circular na reserva, o gavião-de-penacho é uma espécie que se encontra em estado crítico de perigo no Espírito Santo e em São Paulo, segundo o ranking estabelecido pelo ICMBio. Já no Paraná e em Minas Gerais, a ave está em situação de perigo e, em Pernambuco e no Rio Grande do Sul, a espécie já foi provavelmente extinta.

Para os pesquisadores, o reaparecimento do gavião na reserva do Espírito Santo mostra que o local está bem conservado, além de reforçar a importância das áreas protegidas para a preservação de espécies. Segundo o ICMBio, órgão federal responsável pelas unidades de conservação do país, o gavião é importante para o equilíbrio da natureza e para a seleção natural, pois regula as populações de outros animais, evitando uma quantidade excessiva de suas presas na região. Dessa forma, eles também acabam eliminando indivíduos doentes e defeituosos.

A técnica utilizada para encontrar os animais na reserva é a amostragem por pontos de escuta. “Cada pesquisador permanecia por 15 minutos em cada um dos locais pré-determinados pelo projeto. Assim, foi possível fazer o registro de tudo aquilo que podia ser visto. Já os sons emitidos pela ave foram gravados com auxílio de microfones”, explica o analista. Segundo ele, nas próximas pesquisas, serão acrescentados outros métodos tradicionais, como redes de captura que auxiliarão na captação de informações nas partes baixas da floresta.

Monitoramentos como esse são bastante comuns na Reserva Augusto Ruschi. Segundo o chefe da unidade, Eduardo Mignoni, a área de quase quatro mil hectares de fauna e flora diversificadas recebe solicitações frequentes para pesquisas. “Também temos algumas espécies de macacos. Uma delas, o muriqui-do-norte, está em extinção no Brasil”, destaca. A reserva fica a aproximadamente 80km de Vitória e conta com uma equipe de fiscalização. “Realizamos trabalhos de educação ambiental com os moradores das comunidades próximas. Acredito que isso também tenha contribuído para a atual situação da unidade”, esclarece Mignoni.

Fonte: Correio Braziliense

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