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A carne e o clima

22 de setembro de 2009
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A FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, divulgou  um relatório com mais de 400 páginas, intitulado A Grande Sombra do Gado, em que aponta a pecuária como responsável por 18% dos gases que provocam o efeito estufa. Além do gás metano, oriundo principalmente das flatulências decorrentes do sistema digestivo dos ruminantes, há o problema do ácido nitroso. Esse gás estufa, decorrente da alimentação dos animais, é 296 vezes mais perigoso para o ambiente do que o CO2 – dióxido de carbono – e faz com que a produção de carne agrave mais o efeito estufa do que o setor de transportes com a queima de combustíveis fósseis. O relatório também aborda os impactos da pecuária em relação às queimadas e ao desmatamento das florestas,  a alta demanda de água e a poluição dos recursos hídricos e a consequente perda da biodiversidade e extinção da fauna silvestre.

No contexto atual, o relatório da FAO ganha maior notoriedade em virtude do aquecimento global, mas por tratar-se de uma entidade isenta e historicamente comprometida com a problemática da fome e da produção de alimentos no mundo, é possível que mais pessoas respeitem e levem a sério as informações ali contidas.

No Brasil, já faz um bom tempo que ambientalistas e organizações não governamentais têm denunciado e alertado para a problemática social e ambiental gerada pela pecuária, principalmente na Amazônia, onde essa atividade é responsável por 78% de seu desmatamento. Segundo o Imazon – Instituto Homem e Meio Ambiente da Amazônia –, cerca de 550 quilômetros quadrados (equivalente ao Estado de Minas Gerais) de floresta foram derrubados para a abertura de pastagens ou produção de grãos que, em sua maioria, servirão para a produção de ração para o gado. Num país como o Brasil, que destina 90% da soja e 85% do milho para a alimentação bovina sem se dar conta por que muitos humanos passam fome!? É dose! Cabe ressaltar que apenas 3% da carne da Amazônia é consumida na própria região, sendo 10% exportada e 78% dispersada pelo Brasil, inclusive na região Sul. É uma carne temperada com gases estufa, queimadas, violência no campo, desmatamento, contaminação dos rios e extinção da vida selvagem. Cabe ressaltar que muitos desses ingredientes, ressaltadas as diferenças regionais e a ausência de um ou outro item, estão presentes na produção de carne como um todo, não só no Brasil, mas no mundo afora.

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