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Vazamento de petróleo na costa da Austrália ameaça animais marinhos

29 de setembro de 2009
4 min. de leitura
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Visitantes que esperam conhecer a exótica vida marinha da Austrália quase sempre pensam na Grande Barreira de Coral. Mas ambientalistas dizem que um ambiente marinho, igualmente impressionante, porém menos conhecido, está sob a ameaça da intensa exploração de petróleo e gás próximo aos corais e atóis presentes no nordeste da costa australiana.

(imagem: reprodução/último segundo)
Vazamento de petróleo e de gás em um poço no Mar de Timor (imagem: reprodução/último segundo)

Um poço de óleo danificado está jorrando na região milhares de galões de petróleo no Mar de Timor desde 21 de agosto, quando um acidente forçou a evacuação de todos os 69 trabalhadores da plataforma. Tripulações de emergência estão trabalhando para conter o derrame, mas oficiais dizem que pode levar mais três semanas para tapar o vazamento.

A plataforma fica acima da reserva natural de Montara, cerca de 250 quilômetros a nordeste da Base Aérea de Mungalalu Truscott, na região remota de Kimberley, no país. O poço com vazamento é da companhia nacional de petróleo da Tailândia, a PTT Exploration and Production, uma das muitas empresas de energia que montaram operações no extremo oeste da Austrália para alimentar o apetite asiático por crescimento com o comércio de petróleo e gás.

Na primeira metade deste ano, mais de 50 poços foram perfurados nas águas tropicais do oeste australiano, além de centenas de outros projetos recentes. No mês passado, o governo deu permissão para a Chevron expandir a exploração da enorme reserva de gás Gordon, um projeto de US$ 40 bilhões, ao qual ambientalistas se opuseram devido ao potencial impacto que poderia causar no meio ambiente.

Os economistas dão crédito ao intenso comércio de combustíveis naturais por ajudar a Austrália a escapar das consequências da crise mundial, mas ambientalistas dizem que essa prosperidade terá um preço. Eles afirmam que o derramamento de petróleo em Montara é apenas um sinal do que pode acontecer, a menos que sejam estendidas maiores proteções às vastas extensões de barreiras de corais tropicais no noroeste da Austrália.

“É um conflito clássico entre o desenvolvimento e os valores ecológicos da região”, disse John Carey, gerente do Programa de Preservação de Kimberley com o Grupo Ambiental Pew. “Precisamos conseguir um equilíbrio. Mas, no momento, o balanço é de que menos de 1% dessa área de importância global está sob nenhuma forma de proteção”.

A companhia de petróleo tailandesa disse que ainda está investigando a causa do derrame. Para parar o vazamento, a companhia contratou um equipamento especial para perfurar até 2.500 quilômetros abaixo do solo oceânico e preencher a área com uma lama densa.

Mas esse equipamento altamente especializado não é fácil conseguir. Levou três semanas para rebocá-lo desde Cingapura.

A companhia se recusou a estimar o quanto de combustível foi jorrado no mar, dizendo que é muito arriscado conseguir medidas exatas de uma fonte danificada. Funcionários da corporação e da marinha australiana, que estão ajudando a limpar o vazamento, dizem que a área atingida é de cerca de 40 quilômetros de largura e 136 de comprimento, mas que o vazamento parece estar diminuindo.

O ministro do meio ambiente, Peter Garrett, disse neste mês que o governo acreditava que 300 a 400 barris de petróleo estão sendo jorrados no mar a cada dia. Isso significa um vazamento de mais de 450 mil galões, e quantidades desconhecidas de gás condensado, desde que o derramamento começou. De acordo com essa contagem, o rombo de Montara é relativamente pequeno. Em comparação, a Exxon Valdez despejou 11 milhões de galões quando encalhou na costa do Alasca, em 1989.

O jorro de petróleo não atingiu nenhuma margem da costa, em parte graças ao clima calmo e aos esforços do governo australiano de dispersar o derramamento com um químico próprio para isso. Mas os ambientalistas se preocupam com que o vazamento tenha um preço alto em relação aos animais marinhos que se alimentam e viajam na superfície do oceano ou próximo a ela.

“Precisamos acabar com o mito de que um vazamento de petróleo é apenas um problema quando chega às praias”, disse Gilly Llewellyn, administrador do programa de preservação com a WWF australiana.

Fonte: Último Segundo

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