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Fotógrafo reúne flagrantes das aves em seu livro "Pássaros da Liberdade"

28 de setembro de 2009
3 min. de leitura
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O fotógrafo Marcelo Prates lança esta noite (28), na galeria de arte da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, em Minas Gerais, um deslumbrante ensaio sobre uma certa população de Belo Horizonte com que todos convivem. Como o nome indica, Pássaros da liberdade reúne imagens de aves, em contexto surpreendente: na agitação da cidade, em meio ao caos urbano. Isso mesmo: uma família de quero-queros vendo jogo no Mineirão, andorinhas e corujas no alto dos postes, canarinhos e outras espécies em sinais de trânsito, pousados em espelhos retrovisores de automóveis. E por aí vai.

“Belo Horizonte tem muitos pássaros. Muita gente gosta que se cuide deles”, explica Marcelo Prates. Para ele, isso se deve a vários motivos, como o desmatamento no entorno da cidade, obrigando os bichos a se aproximar da cidade. Depois por ser cidade que, desde os anos 1930, tem árvores  como fícus, ipês, magnólias, que oferecem frutos que passarinhos adoram. E ainda devido à poluição – “principalmente na Pampulha”, diz –, locais que acabam juntando lixo orgânico, que também serve de comida para os pássaros. “Meu livro mostra esta faceta muito bonita da cidade, que é ser novo hábitat de quem vem de fora”, brinca.

Paciência

O fotógrafo continua. “Gostaria que as fotos fossem estímulo para que as pessoas observassem e ouvissem os cantos dos pássaros. São melodias impressionantes”, afirma, avisando que é turma musical só não mais percebida devido ao barulho da cidade. Um local onde se pode ver (e ouvir) muitos deles o dia inteiro? “Na Praça da Liberdade”, recomenda, contando que fazer este trabalho foi experiência impactante. São imagens, explica, voltadas para captar o momento e que, trabalhando a composição, trazem o contexto da situação. Que cobraram plantões, monitoramentos, atenção para chegar aos resultados.

Na origem do livro está uma série que Marcelo Prates fez para o Estado de Minas, sobre o acasalamento de um canarinho, morador justamente da Praça da Liberdade, que ganhou fêmea, solta no local por um cidadão. “Foi acontecimento que ampliou minha visão, e continuei fotografando pássaros no ambiente urbano”, acrescenta. E o projeto teve resultados surpreendentes. Além de pardais, bem-te-vis e pombas, o fotógrafo identificou habitantes inesperados: viu carcará cruzando a Avenida Brasil, tucano passeando na Rua Padre Rolim e pica-pau, com ninho, morando na Rua Rio Grande do Norte.

Marcelo Prates explica que considera muito importante, não só para a fotografia, mas para o Brasil, a dedicação ampla e irrestrita de muitos fotógrafos ao registro da fauna nativa, o que vem gerando uma bibliografia exuberante. “É produção que quantifica e mapeia as espécies, colaborando para que não sejam extintas. Meio ambiente, a preservação da mata atlântica, do cerrado, são temas fundamentais no país”, afirma. “Meu livro é carbono zero”, completa, vaidoso, informando que o CO2 emitido pela produção do livro foi compensado com o plantio de 13 árvores.

Detalhe curioso: as primeiras imagens de pássaros realizadas por Marcelo Prates flagraram um bando de urubus, no início dos anos 1980. “As pessoas têm preconceito com eles, mas é um pássaro bacana”, protesta. “É ave cantada em prosa e verso”, acrescenta, lembrando que Tom Jobim tem disco chamado Urubu e que João Guimarães Rosa tem um conto sobre o bicho que voa mais alto que avião.

Reflexos

Entre os fotógrafos que admira, Marcelo Prates cita três: Sebastião Salgado (“tem relação forte com gente, cultura e contexto social”), Henri Cartier-Bresson (“ele está presente no momento certo na hora certa”) e Araquém Alcântara (“são imagens que comovem pela beleza”).

Pássaros da liberdade

Lançamento do livro do fotógrafo Marcelo Prates, hoje, às 20h, na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa (Praça da Liberdade, 21, Funcionários). O volume custa R$ 80.

Fonte: UAI

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