Monoculturas estão dizimando espécies no cerrado brasileiro

26 de setembro de 2009
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É impossível saber ao certo quantas espécies já foram extintas nos 41% do cerrado que não existem mais. Pesquisadores da organização Conservação Internacional (CI) estimam que 13% das espécies de vertebrados do bioma – mamíferos, aves, répteis e anfíbios, sem contar os peixes, os insetos, as plantas, os fungos e os microrganismos – já tenham sido exterminadas pela ocupação do homem, antes mesmo de serem descobertas.

No caso das plantas, a perda pode ser muito maior. A flora do cerrado é caracterizada por altos graus de variabilidade e endemismo – o que quer dizer que diversas espécies só existem (ou existiam) em regiões muito limitadas, associadas a condições específicas de solo e clima do bioma. Não há como saber quantas plantas desse tipo foram soterradas pelo avanço das monoculturas de grãos e bois.

A exatidão dos cálculos é limitada pelo desconhecimento científico que impera sobre o cerrado. A preocupação com o bioma é um fenômeno recente, até mesmo por parte dos cientistas. Por muito tempo predominou uma visão equivocada de que o Ccrrado era uma região “pobre” em espécies, sem muita importância para conservação.

Era pura falta de conhecimento. Bastou começar a pesquisar para as espécies aparecerem. Só nos últimos 20 anos foram descobertas mais de 340 espécies de vertebrados, segundo a CI. No total, são conhecidas no bioma cerca de 200 espécies de mamíferos, outras 200 de répteis, 250 de anfíbios, quase 850 de aves e 1.300 de peixes. Os números aumentam a cada expedição.

“Ainda temos muito o que descobrir”, diz o biólogo José Alexandre Diniz-Filho, da Universidade Federal de Goiás. “O grosso da biodiversidade está nas plantas e bichos pequenos, que são muito pouco conhecidos”.

Dependendo de onde o turista for, o cartão-postal do cerrado pode ser um campo aberto, uma savana de árvores retorcidas, uma vereda cercada de palmeiras, um chapadão de paredões rochosos, um campo de dunas à beira-mar ou uma floresta com árvores de até 30 metros de altura. Cada uma dessas composições tem uma biodiversidade própria de fauna e flora.

“A implicação é que o cerrado precisa de muitas unidades de conservação espalhadas pelo bioma”, diz Ribeiro. “Não adianta criar uma ou duas grandes e achar que o problema está resolvido”. Hoje, menos de 3% do cerrado está protegido por unidades de proteção integral.

Fonte: Estadão.com.br

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